São Paulo, sábado, 03 de dezembro de 2005

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ESTADOS UNIDOS

Kenneth Boyd foi morto por injeção letal na Carolina do Norte; novo réu seria executado ontem à noite

Chegam a mil as execuções de americanos

DA REDAÇÃO

Os EUA aplicaram ontem a pena de morte pela milésima vez, desde que há 28 anos a Suprema Corte voltou a autorizar as execuções. Kenneth Lee Boyd, 57, condenado pelo assassinato da mulher e do sogro, foi morto por injeção letal às 5h15 (hora de Brasília) na penitenciária central de Raleigh, na Carolina do Norte.
Uma nova execução, a do réu nš 1.001, estava marcada também para ontem, desta vez às 21h (também hora de Brasília) no Estado da Carolina do Sul. Shawn Paul Humphries seria morto por injeção letal por ter sido condenado pelo assassinato do proprietário de uma loja de conveniência.
Embora o assunto não seja da esfera federal, o porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan, disse que o presidente George W. Bush "apóia com firmeza" o prosseguimento das execuções, porque elas dissuadem outros criminosos de cometerem assassinatos.
Quando governador do Texas, Estado americano que mais executa criminosos, Bush autorizou 152 execuções em seis anos e assinou uma única comutação a prisão perpétua para um réu já no corredor da morte.
O argumento de Bush é discutível, dizem adversários da pena capital. Eles notam que a taxa de homicídios nos 12 Estados americanos que não aplicam o dispositivo é mais baixa que a dos 38 Estados em que ele é aplicado.
Também citam estudos que demonstram uma queda mais acentuada dos homicídios em Estados que não executam seus réus.
Ontem à tarde o governo britânico, no exercício da presidência rotativa da União Européia, publicou nota em que afirma que aquele bloco "se opõe à pena de morte em todas as circunstâncias" e que acredita que sua abolição seja "essencial para proteger a dignidade humana".
Na quarta-feira, Boyd deu entrevista à Associated Press e afirmou que não lhe "agradava a idéia de ser lembrado como um simples número", em referência à milésima execução.
O milésimo executado nos EUA deveria ter sido, na quarta-feira, Robin Lovitt, condenado no Estado da Virgínia por ter matado a sogra e a enteada. Mas a publicidade negativa do caso levou o governador Mark Warner a comutar a pena para prisão perpétua.
Cerca de 150 manifestantes permaneceram em vigília, às portas da prisão de Raleigh, com velas acesas e entoando hinos religiosos contra a execução de Boyd.
A última pesquisa do Instituto Gallup mostra que os abolicionistas -partidários de uma reforma na lei- ainda são minoritários, já que 64% dos americanos apóiam essa forma extrema de punição. Mas essa porcentagem é a mais baixa nos últimos 27 anos. Pela mais alta, registrada em 1994, 80% eram favoráveis à pena capital.


Com agências internacionais

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