São Paulo, sexta-feira, 04 de janeiro de 2002

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TENSÃO

Líderes dos países estão no Nepal

Índia e Paquistão não confirmam encontro

DA REDAÇÃO

A tensão entre a Índia e o Paquistão continuou ontem apesar da pressão internacional para o primeiro-ministro indiano, Atal Vajpayee, e o presidente paquistanês, Pervez Musharraf, estabelecerem um diálogo na cúpula da Associação do Sul da Ásia para a Cooperação Regional, que acontece em Katmandu, no Nepal.
Nenhum dos dois países confirmaram se haveria um encontro no Nepal. "Não estou aqui para tratar das relações entre a Índia e o Paquistão", afirmou o ministro das Relações Exteriores indiano, Jaswant Singh. Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores paquistanês afirmou por sua vez que não houve pedido de nenhum dos dois lados para a realização do encontro. Os EUA, o Reino Unido e a China estão intensificando os esforços para que os dois líderes mantenham conversações em Katmandu.
"O perigo é óbvio. São dois países muito fortes em uma área onde tradicionalmente existe conflitos e instabilidade", afirmou o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, que estava ontem em Bangladesh e nos próximos dias deve se reunir separadamente com Musharraf e Vajpayee para tentar encontrar uma saída diplomático para o conflito.
A tensão militar entre os dois países se agravou após ataque contra o Parlamento indiano em Nova Déli no dia 13 de dezembro, que causou a morte de 14 pessoas (inclusive os cinco terroristas).
Os indianos acusam os paquistaneses de apoiar grupos separatistas da região da Caxemira que teriam cometido o ataque. O Paquistão diz que o país não pretende fornecer apoio militar a movimentos que lutam contra a presença indiana na Caxemira, apenas respaldo "moral e político".
Há o temor de que a tensão entre indianos e paquistaneses possa levar a um confronto armado, que desestabilize a região, onde os EUA realizam uma ofensiva contra o terrorismo no Afeganistão, vizinho ao Paquistão.
Além disso, paquistaneses e indianos possuem armas nucleares, o que pode levar a um confronto sem precedentes na região.
Anteontem, outro atentado, desta vez na entrada da Assembléia em Srinagar, capital de verão da Caxemira, deixou 20 feridos e um morto. Ontem, em choques fronteiriços entre militares dos dois países, que estão acontecendo quase diariamente, dois soldados indianos morreram.
Os dois países já travaram três guerras desde 1947, quando a Índia, de maioria hindu, e o Paquistão, de maioria muçulmana, se tornaram independentes do Império Britânico.
O foco do conflito é a Caxemira, dividida entre três países: a Índia, que controla 45%, o Paquistão (30%) e a China, que possui o restante. O Paquistão reivindica a porção indiana da Caxemira, onde a maior parte da população também é muçulmana.


Com agências internacionais


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