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Coréia do Norte rejeita pressão americana
DA REDAÇÃO
A Coréia do Norte afirmou ontem que não cederá às pressões
dos EUA para que interrompa seu
programa nuclear e disse que a
única solução possível para o impasse crescente entre os dois países seria a negociação de um tratado de não-agressão.
"Se os EUA garantirem nossa
segurança legalmente com um
pacto de não-agressão, a questão
nuclear na península coreana poderia ser facilmente resolvida",
afirmou Choe Jin Su, embaixador
de Pyongyang (capital norte-coreana) em Pequim.
Entretanto Choe disse que seu
governo rejeita qualquer precondição para iniciar um diálogo
com os EUA. O governo Bush tem
insistido que só dialogará com a
Coréia do Norte depois que o país
suspender seu programa nuclear.
China e Coréia do Norte, ambos
países sob regimes comunistas,
são tradicionais aliados, motivo
pelo qual o embaixador de
Pyongyang em Pequim tem peso
e credibilidade para falar em nome do regime norte-coreano.
Choe defendeu a decisão de seu
país de reiniciar as atividades da
usina nuclear de Yongbyon em
dezembro, o que levou a comunidade internacional a temer que a
Coréia do Norte retomasse a produção de material radioativo para
a fabricação de armas nucleares.
Segundo o embaixador, a Coréia do Norte teve de reagir diante
da decisão dos EUA, anunciada
em novembro, de interromper o
envio de combustível para o país.
Desde 1994, Pyongyang havia se
comprometido a congelar seu
programa nuclear em troca de
fornecimento de combustível pelo Ocidente (em especial os EUA).
Segundo Choe, é preciso garantir o abastecimento energético do
país. "Estamos sendo forçados a
não implementar o tratado de
1994 sobre o congelamento de
nosso programa nuclear", disse.
Os EUA justificam o corte no
envio de combustível com o argumento de que, numa reunião em
outubro entre autoridades americanas e norte-coreanas, as últimas
teriam admitido possuir um programa nuclear ilegal -uma violação ao acordo de 1994.
Em dezembro, a Coréia do Norte expulsou do país os inspetores
da AIEA (Agência Internacional
de Energia Atômica, órgão das
Nações Unidas que inspeciona
programas nucleares em todo o
mundo) e tem dado sinais de que
pode se retirar do tratado global
de controle de armas nucleares.
Os EUA e a Coréia do Norte lutaram em lados opostos na guerra
da Coréia (1950-53) e nunca tiveram relações diplomáticas oficiais. A guerra terminou sem vitoriosos, com cerca de 4 milhões de
mortos e a divisão da península
coreana, com um país comunista
ao norte e um capitalista ao sul.
A fronteira minada entre as
duas Coréias é uma das regiões
mais militarizadas do mundo,
com grande concentração de tropas, artilharia e tanques. Cerca de
37 mil soldados americanos se encontram na Coréia do Sul.
Os EUA descreveram como "irrelevantes" as declarações do embaixador norte-coreano. "A questão não é a não-agressão. A questão é se a Coréia do Norte irá desmantelar, de forma verificável,
seu programa de enriquecimento
nuclear", afirmou o porta-voz do
Departamento de Estado, Richard Boucher. "Nós não temos
nenhuma intenção de nos sentarmos e negociar novamente."
Nos últimos dias, o governo
Bush afirmou que os EUA não
pretendem agir militarmente
contra a Coréia do Norte, mas devem pressionar a comunidade internacional, por intermédio da
ONU, a adotar sanções políticas e
econômicas contra Pyongyang.
Com agências internacionais.
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