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São Paulo, terça-feira, 04 de fevereiro de 2003

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EUROPA

Oposição tem agora quase dois terços da Câmara Alta

Derrota em pleitos regionais deixa Schröder sem ação na Alemanha

MÁRCIO SENNE DE MORAES
DA REDAÇÃO

Gerhard Schröder, chanceler (premiê) alemão, assumiu ontem sua "responsabilidade política" pela derrota de seu Partido Social-Democrata nas eleições regionais de anteontem, realizadas nos Estados da Baixa Saxônia, seu "curral eleitoral", e de Hessen, porém descartou as hipóteses de reformular o gabinete ou de renunciar.
Por conta de particularidades do sistema eleitoral alemão, o fato terá forte influência na cena política federal, agravando a crise que já pesa sobre a coalizão governamental, que é formada pelos social-democratas e pelos Verdes e foi reeleita em setembro último. Afinal, a representação dos Estados no Bundesrat (Câmara Alta do Parlamento) depende do resultado dos pleitos regionais.
"A situação do chanceler ficou bastante difícil no Bundesrat, pois a CDU [União Democrata Cristã, maior partido de oposição] terá quase dois terços das cadeiras da Casa, podendo bloquear as iniciativas de Schröder", explicou à Folha Anne-Marie le Gloannec, do Centro Marc Bloch, um instituto de pesquisas situado em Berlim.
De fato, os conservadores dispõem agora de 41 das 69 cadeiras do Bundesrat, cuja aprovação é imprescindível para a adoção da maioria dos projetos de lei importantes, como a reforma da legislação sobre a imigração. A coalizão corre, portanto, o risco de ficar sem margem de manobra, devendo obrigatoriamente buscar o apoio da oposição para realizar as reformas de que o país precisa, de acordo com o próprio Schröder.
"Sem a anuência da CDU, as reformas não ocorrerão. Sem elas, o país continuará imobilizado. Assim, Schröder será forçado a atenuar suas propostas para ter alguma chance de chegar a um acordo com a oposição. Se não fizer isso, o governo correrá o risco de bloquear totalmente a cena política alemã apesar de ter uma estreita maioria no Bundestag [Câmara Baixa]", avaliou Le Gloannec.
Nesse contexto, quem deverá ganhar força nos próximos meses é Roland Koch, o democrata-cristão linha-dura que foi reeleito para o governo de Hessen. Cientistas políticos alemães crêem que ele possa tornar-se o nome forte da CDU no futuro. "Koch terá um papel crucial no Bundesrat ao liderar seu Estado, sendo um interlocutor incontornável para Schröder", disse Le Gloannec.
As derrotas de anteontem também deverão influenciar a política externa alemã, já que os conservadores são contrários ao que chamam de "isolacionismo de Schröder". O chanceler se opõe à participação do país numa eventual guerra contra o Iraque. Contudo os democrata-cristãos temem que sua posição prejudique as relações entre Berlim e Washington.


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