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IRAQUE OCUPADO
Secretário admite que falta de arsenal "muda a equação política" e que não sabe se apoiaria a invasão
Powell põe em dúvida seu apoio à guerra
DA REDAÇÃO
O secretário de Estado americano, Colin Powell, não tem certeza
de que teria apoiado a Guerra do
Iraque se soubesse que o país não
possuía o arsenal de destruição
em massa que os EUA o acusavam de manter.
"A falta de um arsenal muda a
equação política, muda seu resultado", disse Powell em entrevista
ao jornal "The Washington Post",
publicada ontem. Ao ser indagado se recomendaria a invasão
mesmo sabendo que Bagdá não
tinha o arsenal proibido, como
concluiu o chefe da busca americana pelas armas, David Kay, ele
respondeu que não sabia.
"Não sei, porque o arsenal era a
pecinha que faltava para tornar
mais real e iminente o perigo representado para a região e para o
mundo", disse Powell ao "Post".
Mas, horas após a publicação da
entrevista, o secretário -que não
só apoiou a invasão, em março,
como a defendeu perante a ONU
um mês antes, apresentando provas da ameaça iraquiana depois
contestadas- voltou atrás.
Powell disse a jornalistas que
"provavelmente concordaria"
com a invasão, por causa da "intenção e da capacidade" de Bagdá
de fabricar as armas proibidas.
"Acho que estava claro que esse
era um regime com intenção e capacidade [para produzir armas] e
que [representava] um risco ao
qual o presidente sentia que não
podíamos nos expor. Isso era algo
com o que todos concordávamos
e provavelmente concordaríamos
novamente sob quaisquer outras
circunstâncias", declarou. "O presidente tomou a decisão correta."
Na entrevista ao "Post", apesar
de demonstrar dúvidas, Powell
disse que a história julgaria que a
guerra "era a coisa certa a ser feita". Para ele, o depoimento de Kay
era mais favorável ao governo do
que mostrou a mídia.
Kay, que deixou o Grupo de
Pesquisa do Iraque há 12 dias,
após sete meses conduzindo a
busca por armas, declarou à Comissão de Serviços Armados do
Senado que os EUA se enganaram
sobre o arsenal iraquiano, usado
como a maior razão para a guerra.
O inspetor atribuiu o erro a falhas dos serviços de inteligência,
isentando o governo. A conclusão
levou Bush a anunciar a formação
de uma comissão independente
bipartidária para apurar onde
houve falhas, cujos integrantes
devem ser nomeados em breve.
"Serão pessoas altamente íntegras e que terão a independência
para fazer seu trabalho do modo
como deve ser feito", disse o porta-voz da Casa Branca, Scott
McClellan, respondendo às críticas de legisladores democratas
que puseram em dúvida a independência da comissão pelo fato
de ela ser escolhida por Bush.
Gastos
Ontem, o secretário do Tesouro,
John Snow, disse que o custo das
operações no Iraque e no Afeganistão durante o próximo ano
ainda é desconhecido e por isso ficou fora do Orçamento, apresentado anteontem. Autoridades
americanas acreditam que a presença militar no Iraque deva seguir pelo menos até 2006, ainda
que em escala reduzida.
Com agências internacionais
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