São Paulo, quarta-feira, 04 de fevereiro de 2004

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Estudo expõe erros dos EUA no Iraque

ERIC SCHMITT
DO "NEW YORK TIMES"

O primeiro relatório oficial do Exército dos EUA sobre a invasão do Iraque revela que as forças americanas tiveram de conviver com um "lodaçal" de problemas de abastecimento, com rádios que não conseguiam estabelecer contato com soldados distantes, com operações psicológicas decepcionantes contra os iraquianos e com quase nenhuma informação confiável sobre o modo como Saddam Hussein defenderia Bagdá.
Os problemas de logística da invasão, que a cúpula militar minimizou à época, foram muito piores que o que havia sido anunciado antes. Embora sirva sobretudo para que o Exército faça uma avaliação de sua atuação e dos problemas que enfrentou no Iraque, o estudo também pode ser um documento político em que os militares expõem seus interesses.
Motores ficaram parados no Kuait à espera de um motorista de caminhão que pudesse levá-los ao Iraque. Caminhões ficaram desmontados, e suas peças foram usadas em outros veículos. Unidades de artilharia se apoderaram de partes das armas dos iraquianos para manter seus próprios armamentos em funcionamento.
Na maioria dos casos, os soldados americanos encontraram soluções improvisadas para manter a ofensiva. Mas, segundo o estudo, a 3ª Divisão de Infantaria, uma das principais forças de combate do Exército, ficou a duas semanas de ter de parar de avançar por conta da falta de peças de reposição para seus veículos. E não havia um sistema de distribuição de suprimentos eficaz.
O estudo também mostra que a decisão do Pentágono de enviar sobretudo unidades de combate ao Iraque nas semanas que precederam a invasão teve como "conseqüência inesperada" o fato de que unidades de apoio só puderam ser enviadas posteriormente, o que contribuiu para os graves problemas de logística.
O responsável pelo texto, de 504 páginas, é Gregory Fontenot, um coronel da reserva do Exército dos EUA -que comandou um batalhão na Guerra do Golfo, em 1991, e uma brigada na Bósnia, também na década passada.
Os fuzileiros navais, a Força Aérea e a Marinha também estão preparando estudos sobre sua atuação no Iraque e sobre os problemas que tiveram de enfrentar durante a ofensiva militar.
Segundo o Exército, o momento em que o relatório foi divulgado não tem nenhuma relação com a proposta de Orçamento enviada pelo presidente George W. Bush ao Congresso anteontem. Bush pediu aos congressistas que aprovem um aumento de 7% dos gastos do Departamento da Defesa. A maior parte das agências do governo deverá ser forçada a gastar menos no ano fiscal de 2005.


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