São Paulo, domingo, 04 de março de 2007

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Líder do Irã foca tensão regional em Riad

Ahmadinejad e o rei saudita discutem crise nuclear; segundo Teerã, EUA propuseram diálogo sobre segurança no Iraque

Washington não comenta afirmação do chanceler do Irã; potências regionais também debaterão crise no Líbano e entre palestinos

DA REDAÇÃO

O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, iniciou ontem, em Riad, sua primeira visita oficial à Arábia Saudita. Cercada de grande expectativa, as conversas devem girar em torno das crises no Iraque, no Líbano e na liderança palestina, além do programa nuclear do Irã -temas que tem mantido o Oriente Médio sob tensão nos últimos meses.
"No encontro com o rei Abdullah, discutiremos essas questões, que deveriam ser conduzidas conjuntamente no mundo islâmico", disse Ahmadinejad antes de deixar Teerã. Ele também se mostrou disposto a buscar uma solução para o impasse no Líbano, onde o governo do premiê sunita Fouad Siniora é pressionado a deixar o poder pela oposição liderada pelo grupo xiita Hizbollah, que tem o apoio de Teerã.
Ao desembarcar no aeroporto de Riad, o presidente iraniano foi recebido pessoalmente pelo rei Abdullah.
Num desdobramento sobre um dos assuntos centrais do encontro em Riad, o chanceler iraniano, Mohamad Ali Hossein, afirmou ontem que os EUA propuseram ao Irã iniciar discussões sobre a questão da segurança no Iraque. "Recentemente os americanos entraram em contato conosco por meio de intermediários e propuseram discutir os problemas do Iraque, em particular a questão da segurança. Estamos examinando essas propostas", disse.
A Casa Branca não comentou a informação. Ao lado do programa nuclear iraniano, o Iraque é uma das divergências que inflamaram a disputa recente entre Teerã e Washington. O governo americano acusa o Irã de fomentar a violência iraquiana com o fornecimento de armas a insurgentes xiitas, o que Teerã nega.

Influência crescente
Para o analista saudita Zuhair al-Harthi, "o Irã está buscando um papel-chave na região, e essa é uma oportunidade para tentar barganhar a questão nuclear por meio da negociação de questões espinhosas como Líbano e Iraque".
Os EUA e seus aliados regionais -entre eles, Israel e a própria Arábia Saudita- suspeitam que o programa nuclear iraniano tenha por finalidade desenvolver armas nucleares. Teerã, no entanto, diz que o programa tem fins pacíficos.
Os governos árabes aliados dos EUA também temem que o xiita Irã esteja ganhando demasiada influência na região e ampliando a divisão com os sunitas no mundo islâmico, que se tornou mais intensa com a guerra no Iraque.
O diálogo entre as duas potências regionais, que juntas têm mais de um terço das reservas mundiais de petróleo, ocorre ao fim de uma semana em que os EUA aceitaram participar de uma conferência de alto nível sobre o Iraque, com a participação do Irã. O gesto foi visto como uma inflexão na política de Washington.


Com agências internacionais


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