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EUA flexibilizam sua atitude com o "eixo do mal"
HELENE COOPER
DO "NEW YORK TIMES"
No espaço de duas semanas,
os Estados Unidos concordaram em manter conversações
de alto nível com o Irã e a Síria e
retomar o caminho para o reconhecimento formal da Coréia
do Norte. Estaria o governo de
George W. Bush amolecendo
com seus inimigos?
No dia 12 de janeiro, a secretária de Estado, Condoleezza
Rice, repetiu uma constante na
política externa de Bush -a recusa em conceder a Irã, Síria e
Coréia do Norte a legitimidade
de um envolvimento diplomático com os EUA enquanto esses países não se curvassem às
exigências americanas. "
"Isso não é diplomacia", disse ela ao defender o repúdio a
negociações diretas com Irã e
Síria. "Isso é extorsão."
Em público, o governo insiste em que a nova atitude, que
inclui a participação em uma
conferência no Iraque junto
com Irã e Síria, não significa
uma mudança de política.
""Não há rachadura", disse o
porta-voz da Casa Branca,
Tony Snow.
Especialistas em política externa, críticos da Casa Branca
no Congresso e ex-diplomatas
discordam, afirmando que o
governo parece ter reconhecido que atou as próprias mãos ao
insistir em dialogar só com os
amigos.
Até Rice chamou a abertura a
Teerã e Damasco de uma "ofensiva diplomática". ""A questão
não é se o eixo do mal está morto, pois não está", diz Daniel P.
Serwer, do Instituto da Paz, ex-diplomata que foi diretor-executivo do Grupo de Estudos do
Iraque, comissão bipartidária
formada em 2006 para fazer recomendações ao governo sobre
a guerra.
""A questão é se o conceito, da
forma como foi aplicado, está
morto. E é absolutamente claro
para mim que devemos conversar com quem for preciso para
resolver os problemas", diz ele.
Dentro do governo há uma
antiga queda-de-braço entre os
defensores do diálogo, representados pelos diplomatas do
Departamento de Estado e algumas vezes liderados por Rice,
e aqueles que preferem isolar
os inimigos, liderados pelo vice-presidente Dick Cheney e
apoiados pelo ex-embaixador
na ONU John Bolton.
No período que antecedeu a
Guerra do Iraque e nos anos
posteriores, o segundo grupo
provou estar em vantagem.
Mas o resultado da eleição legislativa de novembro -na qual
os republicanos perderam a
maioria no Congresso para a
oposição democrata-, junto
com o caos no Iraque e a urgência de marcar gols na política
externa à medida que o tempo
se esgota para o governo Bush,
criaram espaço para os proponentes do diálogo.
Ainda não está claro se um
governo que esteve por tanto
tempo comprometido em não
dialogar pode fazer uma sincera meia-volta. Pouca gente no
governo acredita que Cheney
mudou repentinamente de
idéia. Isso significa que Rice estará sob pressão para mostrar
resultados rapidamente, uma
missão difícil.
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