São Paulo, domingo, 04 de março de 2007

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Crítico da ocupação será assessor de Rice

Especialista em Defesa, Eliot Cohen apoiou a invasão, mas condena a forma como os EUA administraram o pós-guerra

Para professor, cujo filho é militar, Pentágono errou ao deixar a ordem interna do Iraque em segundo plano para defender as fronteiras

DA REDAÇÃO

Um respeitado especialista em defesa e história militar, que tem um filho servindo no Exército e é crítico à forma como Washington vem conduzindo a ocupação do Iraque, será um dos principais assessores da secretária de Estado americana, Condoleezza Rice.
Eliot Cohen, que apoiou a invasão americana do Iraque, em 2003, mas condena a estratégia do governo no pós-guerra, substituirá o Philip Zelikow, que deixa o cargo para voltar a lecionar na Universidade de Virgínia. Formado em Harvard, Cohen é professor da Escola de Estudos Internacionais Avançados da Universidade Johns Hopkins. Segundo o Departamento de Estado, o foco de seu trabalho no governo será Iraque e Afeganistão.
Cohen, que começará a assessorar Rice em breve, mas só assumirá o cargo integralmente dentro de alguns meses, escreveu um artigo para o jornal "Washington Post", em 2005, criticando duramente a ação americana no Iraque.
Apesar de apoia r o raciocínio que levou à invasão, Cohen, cujo filho é oficial do Exército, afirma no artigo que os Estados Unidos foram ineptos na administração do pós-guerra. "O que eu não sabia na época [da invasão] era o quão incompetentes nós seríamos no cumprimento da missão", escreveu Cohen, para quem a cúpula do Pentágono tratou o período "pós-combate", que matou mais americanos que a "guerra real", como um projeto de "segunda importância" no plano de ataque do general Tommy Franks.
Cohen também criticou a decisão americana de tentar criar um Exército iraquiano "imóvel" para defender as fronteiras do país, "em vez de manter a ordem interna". Para ele, outro erro da ocupação foi confiar a reconstrução do Iraque a empresas em "grandes contratos", quando o ideal teria sido fazer acordos menores com incentivos financeiros destinados a tirar "jovens revoltados" das ruas e dar-lhes empregos.
Embora tenha sido chamado de neoconservador, Cohen rejeita o rótulo, afirmando ser um pensador "independente".
Apesar disso, prefere não criticar políticas específicas, como a decisão de Bush de enviar mais 21.500 soldados ao Iraque. "O que ocorreu não foi apenas o envio de mais tropas, mas uma mudança significativa de pessoal e atitude", disse Cohen à agência Reuters.
Doze pessoas, entre elas um policial, morreram ontem em um atentado a bomba contra um posto da polícia perto de Ramadi, capital da Província rebelde de Anbar. Também ontem, três soldados americanos morreram após uma explosão perto do carro em que estavam, no centro de Bagdá.
Seis árabes sunitas que participaran de uma conferência de reconciliação com xiitas, no mês passado, foram executados ontem por homens armados, na aldeia de Mashhada, ao sul de Bagdá. A polícia desconfia de insurgentes sunitas, que teriam agido para vingar a "traição".
Ainda ontem, um vídeo de três minutos que mostra a suposta execução com tiros na cabeça de 18 integrantes das tropas iraquianas foi postado em um site conhecido por ser usado para divulgar ações da rede terrorista Al Qaeda.


Com agências internacionais


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