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Na Amazônia, Exército não crê em guerra
KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS
A situação de pré-conflito
entre Colômbia, Venezuela e
Equador é vista como uma crise
diplomática entre autoridades
do Exército e da Polícia Federal
que coordenam ações na fronteira da Amazônia brasileira. O
general Augusto Heleno, comandante do CMA (Comando
Militar da Amazônia), afirma
que não vê, no momento, motivo para remanejamento de tropas ou mesmo colocar pelotões
em prontidão.
"Nós não podemos ignorar
um fato dessa importância",
disse Heleno, referindo-se à
morte de um líder das Farc em
território equatoriano.
"Aconteceu uma ação do
Exército colombiano dentro do
território do Equador, gerou
uma crise diplomática, a Venezuela se posicionou e acionou
um dispositivo militar. Obviamente, isso preocupa. Mas não
teve nenhuma conseqüência
prática para mim, em termos
de mexer tropas e entrar em
prontidão", disse.
O coordenador de Operações
Especiais nas Fronteiras da Polícia Federal, delegado Mauro
Sposito, concorda. "Essa situação diz respeito somente à área
diplomática."
Na fronteira do Brasil com a
Colômbia e Venezuela, o Exército mantém 9.600 de seus
25.751 homens espalhados pela
região amazônica. A região
mais estratégica em um eventual conflito compreende a
chamada Cabeça do Cachorro,
no Amazonas. Lá estão instalados os pelotões de Querari, Maturacá e Cucuí -este a 150 km
ao norte de São Gabriel da Cachoeira (850 km de Manaus).
"A nossa estratégia na Amazônia é de presença e de dissuasão. Nós vamos manter o que
estamos fazendo. O Equador
está longe da nossa fronteira",
afirmou o general Heleno.
Desde 2000, a Polícia Federal mantém ao longo da fronteira com a Colômbia a Operação
Cobra (junção das iniciais de
Colômbia e Brasil) para impedir crimes como contrabando,
narcotráfico e lavagem de dinheiro. "O maior êxito da Operação Cobra até hoje foi não ter
permitido que os complexos de
drogas em território colombiano ingressassem em território
brasileiro", afirmou Sposito.
Em 2003, reportagem da Folha evidenciou que existe livre
trânsito dos guerrilheiros das
Farc entre as cidades de San
Felipe (na Colômbia) e San
Carlo (Venezuela), 500 km ao
norte de São Gabriel da Cachoeira (AM), situação que permanece a mesma. Na região
mais remota da Amazônia, San
Carlo oferece serviços como
padaria, bares, mercado, telefone público e internet.
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