São Paulo, terça-feira, 04 de março de 2008

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Na Amazônia, Exército não crê em guerra

KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

A situação de pré-conflito entre Colômbia, Venezuela e Equador é vista como uma crise diplomática entre autoridades do Exército e da Polícia Federal que coordenam ações na fronteira da Amazônia brasileira. O general Augusto Heleno, comandante do CMA (Comando Militar da Amazônia), afirma que não vê, no momento, motivo para remanejamento de tropas ou mesmo colocar pelotões em prontidão.
"Nós não podemos ignorar um fato dessa importância", disse Heleno, referindo-se à morte de um líder das Farc em território equatoriano.
"Aconteceu uma ação do Exército colombiano dentro do território do Equador, gerou uma crise diplomática, a Venezuela se posicionou e acionou um dispositivo militar. Obviamente, isso preocupa. Mas não teve nenhuma conseqüência prática para mim, em termos de mexer tropas e entrar em prontidão", disse.
O coordenador de Operações Especiais nas Fronteiras da Polícia Federal, delegado Mauro Sposito, concorda. "Essa situação diz respeito somente à área diplomática."
Na fronteira do Brasil com a Colômbia e Venezuela, o Exército mantém 9.600 de seus 25.751 homens espalhados pela região amazônica. A região mais estratégica em um eventual conflito compreende a chamada Cabeça do Cachorro, no Amazonas. Lá estão instalados os pelotões de Querari, Maturacá e Cucuí -este a 150 km ao norte de São Gabriel da Cachoeira (850 km de Manaus).
"A nossa estratégia na Amazônia é de presença e de dissuasão. Nós vamos manter o que estamos fazendo. O Equador está longe da nossa fronteira", afirmou o general Heleno.
Desde 2000, a Polícia Federal mantém ao longo da fronteira com a Colômbia a Operação Cobra (junção das iniciais de Colômbia e Brasil) para impedir crimes como contrabando, narcotráfico e lavagem de dinheiro. "O maior êxito da Operação Cobra até hoje foi não ter permitido que os complexos de drogas em território colombiano ingressassem em território brasileiro", afirmou Sposito.
Em 2003, reportagem da Folha evidenciou que existe livre trânsito dos guerrilheiros das Farc entre as cidades de San Felipe (na Colômbia) e San Carlo (Venezuela), 500 km ao norte de São Gabriel da Cachoeira (AM), situação que permanece a mesma. Na região mais remota da Amazônia, San Carlo oferece serviços como padaria, bares, mercado, telefone público e internet.


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