São Paulo, terça-feira, 04 de março de 2008

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Candidatos dizem o que o povo de Ohio quer ouvir, segundo produtores de álcool

DANIEL BERGAMASCO
ENVIADO ESPECIAL A COLUMBUS (OHIO)

No embate de propostas para esquentar a economia de Ohio, que registra o sexto maior índice de desemprego dos Estados Unidos (6%) e abriga hoje primárias democratas e republicanas, os candidatos repetem nos comícios a aposta na criação de "empregos verdes".
Promover o álcool de milho local lidera a lista de prioridades. Ohio produz hoje 1,5 bilhão de litros de álcool por ano e a meta é triplicar a produção nos próximos anos.
Para Greg Kruger, presidente do Greater Ohio Ethanol, associação de produtores locais criada em 2003 para ampliar poder econômico e político do setor, a discussão é bem-vinda, mas o impacto no número de empregos ainda vai demorar.

 

FOLHA - Como os produtores de álcool vêem a promessa de ampliar os "empregos verdes"?
GREG KRUGER -
Todos os candidatos parecem entusiasmados em aumentar a produção de álcool e isso é ótimo para nós. Estão dizendo o que o povo de Ohio quer ouvir. Mas ter impacto na criação de empregos não é tão rápido. É preciso construir mais estrutura e as coisas nos Estados Unidos não acontecem tão rápido.

FOLHA - Quais são as dificuldades de estrutura?
KRUGER -
Falta um sistema de distribuição e principalmente de armazenamento para o álcool. Não conseguimos chegar ainda a Estados onde quase não se usa álcool, especialmente os do sul e do oeste, como a Geórgia, as Carolinas [do Sul e do Norte], a Flórida... Precisamos preparar trens para isso. Mesmo se levarmos o álcool até lá de caminhão, precisamos de um lugar para guardar. Há reservatórios em planejamento e construção o que também cria empregos.

FOLHA - O republicano John McCain se tornou inimigo da classe por ser contra o subsídio para plantação de milho?
KRUGER -
Todos os candidatos estão a favor do aumento do uso do álcool, e McCain também quer que isso aconteça. Decidimos não nos posicionar politicamente nesta campanha porque temos 261 produtores e fazendeiros associados, metade democratas, metade republicanos. Estamos acompanhando o trabalho de todos. Falamos com legisladores dos dois partidos.

FOLHA - Quantos empregos a produção de álcool gera?
KRUGER -
A estimativa é que nos Estados Unidos hoje sejam 200 mil empregos criados pelo álcool.

FOLHA - Quais as perspectivas de crescimento desse número?
KRUGER -
São boas, se você olhar o que aconteceu em Washington [Bush sancionou uma lei que estipula aumento da produção de combustíveis renováveis para 136 bilhões de litros anuais, 500% a mais do que hoje].

FOLHA - Quanto ganha quem trabalha na plantação de milho para álcool em Ohio?
KRUGER -
Creio que em torno de US$ 20 a hora.

FOLHA - Há muitos estrangeiros trabalhando?
KRUGER -
São quase todos americanos, não sei por quê.

FOLHA - Como é o treinamento dos funcionários?
KRUGER -
Em Ohio há três escolas técnicas para quem trabalhar nas usinas [de produção de álcool]. Planejamos mais para os próximos anos.

FOLHA - O que você sabe sobre o álcool brasileiro?
KRUGER -
Sei que é praticamente todo de cana-de-açúcar e quase todo voltado para consumo interno. Sei também que a produção é barata porque o trabalho é barato.


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