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Candidatos dizem o que o povo de Ohio quer ouvir, segundo produtores de álcool
DANIEL BERGAMASCO
ENVIADO ESPECIAL A COLUMBUS (OHIO)
No embate de propostas para
esquentar a economia de Ohio,
que registra o sexto maior índice de desemprego dos Estados
Unidos (6%) e abriga hoje primárias democratas e republicanas, os candidatos repetem nos
comícios a aposta na criação de
"empregos verdes".
Promover o álcool de milho
local lidera a lista de prioridades. Ohio produz hoje 1,5 bilhão
de litros de álcool por ano e a
meta é triplicar a produção nos
próximos anos.
Para Greg Kruger, presidente
do Greater Ohio Ethanol, associação de produtores locais
criada em 2003 para ampliar
poder econômico e político do
setor, a discussão é bem-vinda,
mas o impacto no número de
empregos ainda vai demorar.
FOLHA - Como os produtores de álcool vêem a promessa de ampliar os
"empregos verdes"?
GREG KRUGER - Todos os candidatos parecem entusiasmados
em aumentar a produção de álcool e isso é ótimo para nós. Estão dizendo o que o povo de
Ohio quer ouvir. Mas ter impacto na criação de empregos
não é tão rápido. É preciso
construir mais estrutura e as
coisas nos Estados Unidos não
acontecem tão rápido.
FOLHA - Quais são as dificuldades
de estrutura?
KRUGER - Falta um sistema de
distribuição e principalmente
de armazenamento para o álcool. Não conseguimos chegar
ainda a Estados onde quase não
se usa álcool, especialmente os
do sul e do oeste, como a Geórgia, as Carolinas [do Sul e do
Norte], a Flórida... Precisamos
preparar trens para isso. Mesmo se levarmos o álcool até lá
de caminhão, precisamos de
um lugar para guardar. Há reservatórios em planejamento e
construção o que também cria
empregos.
FOLHA - O republicano John
McCain se tornou inimigo da classe
por ser contra o subsídio para plantação de milho?
KRUGER - Todos os candidatos
estão a favor do aumento do
uso do álcool, e McCain também quer que isso aconteça.
Decidimos não nos posicionar
politicamente nesta campanha
porque temos 261 produtores e
fazendeiros associados, metade
democratas, metade republicanos. Estamos acompanhando o
trabalho de todos. Falamos
com legisladores dos dois partidos.
FOLHA - Quantos empregos a produção de álcool gera?
KRUGER - A estimativa é que
nos Estados Unidos hoje sejam
200 mil empregos criados pelo
álcool.
FOLHA - Quais as perspectivas de
crescimento desse número?
KRUGER - São boas, se você
olhar o que aconteceu em Washington [Bush sancionou uma
lei que estipula aumento da
produção de combustíveis renováveis para 136 bilhões de litros anuais, 500% a mais do
que hoje].
FOLHA - Quanto ganha quem trabalha na plantação de milho para álcool em Ohio?
KRUGER - Creio que em torno
de US$ 20 a hora.
FOLHA - Há muitos estrangeiros
trabalhando?
KRUGER - São quase todos americanos, não sei por quê.
FOLHA - Como é o treinamento dos
funcionários?
KRUGER - Em Ohio há três escolas técnicas para quem trabalhar nas usinas [de produção de
álcool]. Planejamos mais para
os próximos anos.
FOLHA - O que você sabe sobre o álcool brasileiro?
KRUGER - Sei que é praticamente todo de cana-de-açúcar e
quase todo voltado para consumo interno. Sei também que a
produção é barata porque o trabalho é barato.
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