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Dissidente cubano em jejum é hospitalizado
Guillermo Fariñas, em greve de fome há 8 dias, diz estar disposto a morrer para honrar opositor morto Orlando Zapata
Chanceler cubano afirma que não há presos políticos na ilha, e sim "mercenários" a serviço dos EUA que são mostrados como "patriotas"
DA REDAÇÃO
O jornalista e dissidente cubano Guillermo Fariñas, em
greve de fome há oito dias, perdeu a consciência ontem e chegou a ser hospitalizado, levantando temores de que seu caso
tenha o mesmo desfecho que o
de Orlando Zapata Tamayo,
opositor detido pelo regime cubano que morreu em 23 de fevereiro, após 85 dias sem comer
ou beber.
Fariñas, que afirmou estar
disposto a morrer para honrar
Zapata, foi reidratado e voltou
para casa após ser liberado pelos médicos, em estado "muito
fraco", segundo sua mãe, que
afirmou que ele continuará sua
greve de fome. Já os outros
quatro dissidentes que protestavam junto com Fariñas interromperam a greve e voltaram a
se alimentar.
O caso Zapata -considerado
um "prisioneiro de consciência" pela Anistia Internacional- ofuscou a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva
a Cuba, no último dia 24, deu
fôlego à comunidade dissidente
na ilha e provocou repúdio de
EUA e União Europeia, que cobram respeito aos direitos humanos e a libertação de presos
políticos -Havana diz que os
prisioneiros são culpados de
crimes comuns.
Fariñas, 43, já fez 23 greves
de fome desde 1997. Anteontem, ao jornal "El País", ele disse que seus objetivos são que o
governo cubano "pague um alto
custo político pelo assassinato
de Zapata, que libere os 26 presos políticos que estão doentes
e que podem se converter em
novos Zapatas e que, caso eu
morra, o mundo perceba que o
que ocorreu com Orlando não é
um caso isolado". Fariñas, no
entanto, se disse pessimista e
"sem esperança" de mudanças
por parte do regime cubano.
"O pedido de Fariñas é muito
concreto: a liberação de entre
25 e 30 prisioneiros de consciência que estão mal de saúde.
Mas o governo não deu nenhum sinal de que vai escutá-lo", disse à Folha Elizardo Sánchez, presidente da ilegal Comissão Nacional de Direitos
Humanos, segundo a qual há
200 prisioneiros políticos em
Cuba. O regime não permite a
visita de entidades como a
Cruz Vermelha.
Sánchez disse, no entanto,
que não recomenda a greve de
fome. "Não ponham a saúde
em risco. Nos últimos dias, tentei dissuadir [Fariñas]. Outras
pessoas também. Mas nosso
prognóstico é que ele seguirá
com a greve."
"Delito comum"
Em Genebra, no Conselho de
Direitos Humanos da ONU, o
chanceler cubano Bruno Rodríguez Parrilla disse que Zapata não era um preso de consciência, e sim um "reincidente
por delito comum apresentado
como lutador pelos direitos humanos". Ele voltou a atribuir a
morte do dissidente aos EUA,
em troca de "dividendos políticos ilegítimos". "Pretende-se
apresentar mercenários como
patriotas, agentes pagos pelos
EUA em território cubano como dissidentes", disse.
Segundo ele, não há presos
políticos na ilha, e sim "pessoas
que cometeram atos ilegais e
foram julgadas". Rodríguez
também disse que um investigador da ONU foi convidado ao
país, mas que as condições de
sua visita serão negociadas
-não se sabe se ele poderá examinar os presídios cubanos.
Com agências internacionais
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