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ESTRATÉGIA
País tem de decidir se invade agora a capital ou espera reforços ou um golpe interno
Às portas de Bagdá, EUA vivem dilema
RUPERT CORNWELL
DO "INDEPENDENT"
O drama está chegando ao seu
clímax. Tropas norte-americanas
estão agora posicionadas nas cercanias de Bagdá e a campanha, se
não a batalha final, pela capital
iraquiana já começou. Uma escolha momentosa, obscurecida por
diversos fatores imponderáveis,
terá de ser feita pelos EUA.
Lançam seu ataque à cidade
agora ou aguardam a chegada de
reforços, na esperança de que o
poderio aéreo incontestável, as
operações de forças especiais ou
alguma forma de golpe ou levante
popular contra Saddam Hussein
(presumindo que ele ainda esteja
vivo) os livre de seu pior pesadelo,
uma batalha nas ruas da cidade?
Há argumentos poderosos em
favor de ambas as soluções. Os
próximos dias oferecerão noites
sem lua, o que amplia a vantagem
dos atacantes dotados de equipamento de visão noturna e aviões
sem piloto capazes de localizar alvos em qualquer visibilidade.
A força que provavelmente formará a espinha dorsal de qualquer defesa organizada de Bagdá
será significativamente menor do
que o esperado, presumindo que
os danos infligidos às divisões
Medina e Bagdá da Guarda Republicana na quarta-feira sejam tão
devastadores quanto os comandantes norte-americanos alegam.
Uma das prioridades no momento é impedir que unidades
dessas divisões recuem agora para a cidade, onde se somariam à
guarda pretoriana de Saddam, os
15 mil soldados da Guarda Republicana Especial comandados por
Qusay, filho do ditador, e às guerrilhas leais ao regime. Mas o otimismo norte-americano vem
crescendo, e um porta-voz menciona "sinais fortes e confiáveis de
que as forças iraquianas vêm sendo sobrepujadas e em breve entrarão em colapso".
Acredita-se que as melhores
unidades de Saddam tenham sido
divididas e espalhadas pela área
de Bagdá, especialmente em bairros civis, para reduzir sua vulnerabilidade contra ataques aéreos e
dificultar qualquer tentativa de
reduzir sua força sem infligir o
"dano colateral" que Washington
está desesperado em evitar.
Mesmo assim, dias de bombardeios incansável dos depósitos e
bases conhecidas da Guarda Republicana Especial teriam, estima-se, reduzido sua efetividade.
Em um sentido político mais amplo, quanto mais cedo a guerra
acabar, melhor, para permitir que
os Estados Unidos e o Reino Unido comecem o trabalho de reconstrução não só do Iraque mas
também de suas reputações em
muitas regiões do mundo.
Mas os argumentos em favor de
esperar um pouco mais são igualmente fortes. Muitos analistas
não acreditam que as forças disponíveis hoje bastem para cercar
e capturar uma cidade de cerca de
5 milhões de habitantes.
Caso o tentem, mesmo com
apoio aéreo esmagador, a batalha
talvez se prove sangrenta e indefinida, exatamente o que Washington deseja evitar. E isso provocaria o ressurgimento das críticas,
amortecidas pelos estrondosos
sucessos no campo de batalha
desta semana, de que o secretário
da Defesa, Donald Rumsfeld, optou por começar a guerra com
uma força pequena demais.
Assim, por que não esperar uma
ou duas semanas pela chegada da
4ª Divisão de Infantaria pára abrir
uma frente ao norte de Bagdá? As
indicações do comando em Washington indicam que, depois de
avançarem tanto e com tamanha
rapidez, as forças norte-americanas não deixarão que a pressa estrague tudo. Não se sabe se o general Tommy Franks, que tem o
comando geral da guerra, decidiu
ou não sobre a estratégia. O ataque aéreo incessante contra "alvos do regime" continuará, enquanto unidades de reconhecimento e de forças especiais reforçarão seus ataques de sondagem
para determinar a resistência.
E se as divisões Bagdá e Medina
foram mesmo destruídas, alguns
dos principais comandantes iraquianos talvez concluam que a resistência é inútil. Se pode haver um golpe, é agora.
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