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EUA usam "sumiço" de Saddam como arma
DAVID E. SANGER
JAMES RISEN
DO "NEW YORK TIMES"
O governo Bush intensificou a
campanha -empregando transmissões de rádio e outras formas
de comunicação com os líderes
militares iraquianos- para semear dúvidas sobre se o ditador
Saddam Hussein está vivo e no
controle do país, disseram altos
funcionários do governo e oficiais
das Forças Armadas.
As imagens de Saddam exibidas
na rede de TV iraquiana não podem ser consideradas prova de
que ele esteja vivo. A rede de TV
CNN afirmou que análises da inteligência americana indicam que
as imagens foram gravadas antes
da eclosão da guerra.
Funcionários americanos alegam não ter chegado a conclusões
firmes sobre se Saddam sobreviveu ao ataque contra ele no primeiro dia da guerra. Mas tentam
transformar essa incerteza em
uma vantagem, suscitando dúvidas nos comandantes iraquianos
sobre sua obrigação de continuar
lutando por um líder que talvez já
esteja morto ou incapacitado.
Esse esforço dos EUA surgiu depois que militares americanos informaram ao Pentágono que a
maioria dos iraquianos que eles
vêm encontrando acredita que
Saddam ainda esteja vivo.
O presidente George W. Bush
discutiu a questão em pelo menos
uma reunião nesta semana e está
"profundamente intrigado"
quanto ao paradeiro de Saddam,
de acordo com um participante.
"O consenso foi que o mistério sobre Saddam está crescendo, e que
isso poderia nos ser útil", disse.
O porta-voz da Casa Branca, Ari
Fleischer, e o secretário da Defesa,
Donald Rumsfeld, ressaltaram repetidamente que Saddam -cujas
aparições públicas escassearam
nos últimos anos-, não fora visto em público desde o começo da
guerra, duas semanas atrás.
As declarações de Fleischer e
Rumsfeld, traduzidas para o árabe, estão agora sendo transmitidas em diversas freqüências para
o Iraque pelas forças americanas.
Alguns prisioneiros de guerra
iraquianos disseram às forças
americanas que os boatos de que
a família de Saddam estava fugindo vinham se espalhando velozmente, e funcionários do governo
alegam que os EUA estão fazendo
tudo que podem para alimentar
esse tipo de especulação.
Outros funcionários expressaram preocupação com o fato de
que, até os últimos dias, os iraquianos comuns tinham poucas
razões para questionar se Saddam
estava ou não no poder. Os escritórios regionais do partido governista Baath estavam relativamente incólumes até o final da semana
passado. Forças paramilitares e a
polícia secreta seguiam ativas,
convencendo muitos iraquianos
de que o governo estava intacto.
Em cidades do sul, as sedes locais do Baath foram atacadas em
bombardeios. Um funcionário
americano lembrou que quando
os xiitas se revoltaram em Basra,
em 1991, a primeira coisa que atacaram foi a sede local do partido.
"Se subestimamos alguma coisa, foi a capacidade de Saddam de
projetar a percepção de que continua no comando", disse um funcionário dos serviços de inteligência americanos.
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