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São Paulo, sexta-feira, 04 de abril de 2003

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DIREITOS HUMANOS

EUA usariam bombas de fragmentação contra civis, e Bagdá, minas terrestres

ONGs acusam violações dos dois lados

DA REDAÇÃO

Organizações de defesa dos direitos humanos criticaram ontem, como vêm fazendo nas últimas semanas, o Iraque e os EUA por práticas de guerra que colocam em risco a vida de civis.
A organização britânica especializada em retirar minas terrestres MAG (Grupo de Aconselhamento sobre Minas) acusou o Iraque ontem de colocar minas em vilarejos e depósitos de água. Segundo o grupo, a maioria dos 5.000 vilarejos ao redor de Kirkuk e Mossul, na região norte do Iraque, foi minada pelo Iraque.
Anteontem, o MAG já dissera que militares iraquianos haviam guardado cerca de 700 minas em uma mesquita, o que fez com que a Human Rights Watch e a Anistia Internacional emitissem declarações condenando Bagdá.
Um câmera da rede britânica BBC morreu anteontem ao pisar em uma mina no vilarejo de Kifri (norte).
Já os EUA foram criticados por usar bombas de fragmentação, que, segundo a Human Rights Watch e a Anistia Internacional, deveriam ser totalmente proibidas por serem "imprevisíveis".
Cada bomba de fragmentação costuma conter cerca de 200 "bombinhas" do tamanho de latas de refrigerante, que podem se espalhar por uma área do tamanho de dois campos de futebol. A maioria das "bombinhas" explode na hora do impacto, mas muitas permanecem sem explodir.
A Anistia afirma que pelo menos 5% não explodem na hora, o que faz com que elas se tornem, na prática, minas terrestres.
Outro problema, apontado ontem pelo Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), é o fato de que os EUA estão distribuindo "rações humanitárias" embaladas em um plástico amarelo idêntico ao usado nas "bombinhas" jogadas por aviões americanos no Iraque.
O ministro da Informação do Iraque, Mohammed Said al Sahaf, acusou os EUA ontem de jogar bombas de fragmentação em uma área residencial de Bagdá, matando 14 pessoas e ferindo 66. Anteontem, o médico Sadid Moussawi, em Hilla, afirmou que 33 civis iraquianos morreram e mais de 300 ficaram feridos em ataques aéreos em uma área residencial usando bombas de fragmentação.
Mesmo admitindo ter usado bombas de fragmentação contra tanques iraquianos perto de Bagdá, Washington insiste em que, apesar de se reservar o direito de usar em combate um novo tipo de bomba mais preciso, nunca o usaria contra civis. E oficiais militares britânicos negaram ontem relatos na imprensa de que usaram bombas de fragmentação em Basra.
No novo tipo de bomba de fragmentação usado pelos EUA, as "bombinhas" têm pára-quedas que se abrem depois que elas são jogadas, o que evita que elas sejam jogadas para longe pelo vento e faz com que caiam mais precisamente sobre os alvos.
A Anistia Internacional afirma que o uso de bombas de fragmentação viola normas humanitárias internacionais e deve, em breve, ultrapassar minas terrestres como a herança mais letal das guerras.
Segundo estimativas, os EUA jogaram mais de 50 milhões de bombas de fragmentação na Guerra do Golfo (1991). Até o fim de 2002, quase 2.000 pessoas haviam morrido ou perdido membros no Kuait após o fim da guerra por bombas não explodidas.


Com agências internacionais


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