UOL


São Paulo, sexta-feira, 04 de abril de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Grupos não são bem-vindos no Iraque

HERVÉ KEMPF
DO "LE MONDE"

Organizações não-governamentais e agências de ajuda humanitária estão descobrindo que o Iraque não as quer no país.
"Sentimos uma freada muito clara há alguns dias", diz Philippe Le Filleus, da Secours Catholique.
As equipes das raras ONGs presentes em Bagdá não conseguem mais se comunicar com seus colegas na Jordânia ou com sua sede na Europa. O uso do telefone por satélite é proibido pelas autoridades iraquianas, que os consideram instrumento de espionagem.
Além disso, os caminhões de ajuda humanitária com destino a Bagdá passam a conta-gotas, e as autorizações de permanência têm de ser renovadas todo dia.
Os próprios funcionários das ONGs estão em uma situação delicada. Os estrangeiros agem com a maior prudência para, não serem expulsos, e os iraquianos se abstêm de revelar qualquer notícia comprometedora sob os olhos do serviço secreto iraquiano, para não serem incriminados.
Parece que qualquer informação que possa revelar a existência de uma crise humanitária é suspeita aos olhos das autoridades de Bagdá. "O governo iraquiano não quer que passemos a imagem de uma população em crise humanitária", diz Grégoire de Sachy, da Care. Sob essa lógica, aceitar ajuda seria reconhecer a crise.
A presença de agentes humanitários é uma arma da guerra psicológica: atesta uma perda de controle das autoridades.
Segundo iraquianos, mesmo antes da guerra, durante o embargo, era difícil trabalhar com as autoridades. "Eles são orgulhosos", afirma Rachid Lahlou, diretor da Secours Islamique. "As autoridades sempre nos dizem que não precisam de nada."


Texto Anterior: ONGs acusam violações dos dois lados
Próximo Texto: Papel da ONU opõe EUA a Europa
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.