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Grupos não são bem-vindos no Iraque
HERVÉ KEMPF
DO "LE MONDE"
Organizações não-governamentais e agências de ajuda humanitária estão descobrindo que
o Iraque não as quer no país.
"Sentimos uma freada muito
clara há alguns dias", diz Philippe
Le Filleus, da Secours Catholique.
As equipes das raras ONGs presentes em Bagdá não conseguem
mais se comunicar com seus colegas na Jordânia ou com sua sede
na Europa. O uso do telefone por
satélite é proibido pelas autoridades iraquianas, que os consideram instrumento de espionagem.
Além disso, os caminhões de
ajuda humanitária com destino a
Bagdá passam a conta-gotas, e as
autorizações de permanência têm
de ser renovadas todo dia.
Os próprios funcionários das
ONGs estão em uma situação delicada. Os estrangeiros agem com
a maior prudência para, não serem expulsos, e os iraquianos se
abstêm de revelar qualquer notícia comprometedora sob os olhos
do serviço secreto iraquiano, para
não serem incriminados.
Parece que qualquer informação que possa revelar a existência
de uma crise humanitária é suspeita aos olhos das autoridades de
Bagdá. "O governo iraquiano não
quer que passemos a imagem de
uma população em crise humanitária", diz Grégoire de Sachy, da
Care. Sob essa lógica, aceitar ajuda seria reconhecer a crise.
A presença de agentes humanitários é uma arma da guerra psicológica: atesta uma perda de
controle das autoridades.
Segundo iraquianos, mesmo
antes da guerra, durante o embargo, era difícil trabalhar com as autoridades. "Eles são orgulhosos",
afirma Rachid Lahlou, diretor da
Secours Islamique. "As autoridades sempre nos dizem que não
precisam de nada."
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