São Paulo, segunda-feira, 04 de abril de 2005

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TODA MÍDIA

Torcida "radical"

NELSON DE SÁ

Do Fantástico à CNN, todos repisaram o ditado:
- Aquele que entra como papa sai como cardeal.
Falavam do conclave, que em semanas vai escolher o sucessor de João Paulo 2º. No Brasil, não se esconde mais a torcida por d. Cláudio Hummes, cardeal-arcebispo de São Paulo.
O Jornal Nacional, mal anunciou a morte, lembrou que ele está na lista dos papáveis e, aliás, "tem o respeito de todas as facções da Igreja".
Ao vivo nos canais de notícia, Lula saiu dizendo que "gostaria que fosse brasileiro". Não falou, mas de preferência d. Cláudio, que conheceu no ABC.

 

No exterior, como no Brasil. D. Cláudio "entra como papa" em todas as especulações que já dominam a cobertura. Seu nome foi referido do programa de George Stephanopoulos na ABC ao "New York Times".
O jornal sublinhou que d. Cláudio é "nascido no Brasil de pais alemães" e defende "justiça social para os pobres, mas é conservador teologicamente".
O "NYT" e a ABC dão o cardeal brasileiro como um candidato entre vários. O "Washington Post" o menciona como segundo favorito, atrás do nigeriano Francis Arinze.
Para o "WP", d. Cláudio indica "continuidade", mas dois jornais britânicos, "Sunday Times" e "Independent", vêem de modo um pouco diverso.
Do primeiro, no título do texto que já repercutia ontem na Folha Online e nas rádios brasileiras, como a CBN:
- Cardeal brasileiro radical lidera corrida pela sucessão.
O jornal, do conservador Rupert Murdoch, diz que d. Cláudio "é sem dúvida radical em temas sociais", embora "conservador em temas doutrinários". Para o "Sunday Times", ele é o "rival" do conservador alemão Joseph Ratzinger.
O "Independent" também traz d. Cláudio no topo da lista de papáveis e o trata, não como radical, mas como "liberal".
 

Com mudanças de ordem, a lista é sempre a mesma em toda parte, do italiano "La Reppublica" ao econômico "Financial Times" e à BBC, com d. Cláudio, Arinze, Ratzinger, os italianos Dionigi Tettamanzi e Angelo Scola, o hondurenho Oscar Rodríguez e alguns mais.
Registre-se, pela rivalidade, que o francês "Le Monde" dava ontem como favorito, entre os latino-americanos, não d. Cláudio, mas o cardeal José Maria Bergoglio, argentino.

DEPOIS

Globo/Reprodução

William Bonner, sábado no Jornal Nacional, ao vivo de Roma: - A morte do papa foi anunciada cerca de uma hora depois da nossa chegada. O cinegrafista e eu ainda tivemos tempo de estar entre os milhares na praça de São Pedro. E saiu reclamando do "trânsito caótico de Roma"

Boff
O que se viu na Globo e outras, sobre João Paulo 2º e a teologia da libertação, foi paralelo, menor. No exterior, "El País" e "Washington Post", entre vários, dedicaram longos textos exclusivamente ao conflito. O espanhol chamou de "pecado" a "guerra aberta" pelo papa a Leonardo Boff.

Arns
O "WP", de sua parte, concentrou-se no episódio da anulação, aos poucos, do poder de d. Paulo Evaristo Arns em São Paulo, então "maior diocese do mundo", ação que culminou na troca por d. Cláudio Hummes.


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