São Paulo, segunda-feira, 04 de abril de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Corpo de João Paulo 2º é embalsamado

DEBORAH GIANNINI
DA REVISTA

O papa João Paulo 2º foi embalsamado, para manter a aparência. A principal diferença em relação à mumificação, de acordo com Orlando Fermozelli, professor de patologia da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) e médico-legista do IML (Instituto Médico Legal) de Sorocaba, é que a segunda técnica é provocada pela desidratação e não mantém o aspecto físico do cadáver -que fica com a pele escura e enrugada.
A primeira, por sua vez, se dá por meio da introdução de substâncias químicas no corpo e preserva sua aparência.
A técnica do embalsamamento consiste em injetar no corpo uma combinação de substâncias (entre elas, formol, acetato de sódio e glicerina) capazes de inibir as enzimas liberadas pelas células mortas, impedindo assim a proliferação de bactérias (putrefação) que se inicia logo após a morte.
"Normalmente, essas substâncias são injetadas pela artéria femural e o processo leva em torno de cinco horas", afirma Fermozelli. Segundo ele, não é possível prever por quanto tempo um corpo embalsamado será conservado. No Brasil, não há experiência na técnica.
"Aqui, nós utilizamos a formolização, técnica mais simplificada em que é injetado apenas o formol, e o cadáver é conservado por no máximo quatro dias. Geralmente, é usada para corpos que têm que ser transportados por avião", diz Fermozelli.

Egito
O embalsamamento era utilizado na mumificação no Egito, onde se retiravam os órgãos do corpo, que depois era envolto em ervas balsâmicas e sal, que provocava sua desidratação.
Na técnica de embalsamamento atual, não é necessária a retirada dos órgãos. "O objetivo dessa prática era evitar a putrefação, que começa pelo intestino, órgão em que há a maior concentração de bactérias", afirma o médico.
Tradicionalmente, ao longo da história, o embalsamamento era feito de fora para dentro, ou seja, o cadáver era envolto em uma espécie de colchão feito de serragem, carvão vegetal, permanganato de potássio, cânfora e naftalina e, em seguida, colocado em local fechado (caixão) por 20 dias.
Já a mumificação preservava os corpos por meio da desidratação, que impedia a ação das bactérias. Nem as bactérias são capazes de viver sem água.


Texto Anterior: A morte do papa: Infecção generalizada foi causa da morte, diz atestado
Próximo Texto: Toda Mídia - Nelson de Sá: Torcida "radical"
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.