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João Paulo 2º deve ser seguido, diz d. Eugenio
JANAINA LAGE
DA FOLHA ONLINE, NO RIO
O arcebispo emérito do Rio, d.
Eugenio Salles, afirmou ontem esperar que o novo papa siga o caminho de João Paulo 2º.
Sem descartar a hipótese de um
sucessor de perfil mais liberal, d.
Eugenio defendeu que o mais importante na escolha de um sucessor é o zelo pelos ensinamentos de
Jesus Cristo.
D. Eugenio participou dos conclaves que elegeram João Paulo 1º
e João Paulo 2º. Aos 84 anos, pretende viajar na terça-feira para o
Vaticano a fim de acompanhar o
sepultamento do papa João Paulo
2º. O arcebispo emérito, no entanto, não votará, pois a idade limite
é de 80 anos.
Mesmo sem direito a voto, D.
Eugenio afirma que o novo papa
será guiado pelo Espírito Santo.
"Creio que o novo papa vá ser fiel
a Jesus Cristo e, se for fiel a Jesus
Cristo, continuará o caminho de
João Paulo 2º", disse.
O arcebispo emérito destacou a
fidelidade à doutrina de Cristo e à
doutrina social da igreja, com o
combate à pobreza e a miséria, como os aspectos mais marcantes
do papado de João Paulo 2º.
Apesar das diferentes correntes
de pensamento que existem hoje
na igreja, d. Eugenio afirmou que
não cabe ao papa fazer transformações radicais nos procedimentos. "Sinto que a igreja não é um
supermercado, onde quem vai escolhe o que quer e a integra. O papa faz adaptações naquilo que
não é essencial à igreja para responder ao momento do tempo,
mas contanto que isso seja fiel à
igreja", afirmou.
D. Eugenio sempre teve uma relação muito próxima com João
Paulo 2º. O papa ficou hospedado
em sua residência no Sumaré em
duas das visitas ao Brasil, em 1980
e em 1997. O arcebispo disse ter
recebido a notícia da morte de
João Paulo 2º como a perda de um
familiar. "Foi como quando se
perde um pai, um irmão. É um
sentimento muito similar a esse."
O reconhecimento da luta pela
paz de João Paulo 2º foi verificado
nas preces de muçulmanos e judeus, segundo d. Eugenio.
"Com a idade que tenho hoje,
nunca vi nada que se assemelhasse a isso que ocorreu no mundo
inteiro. Não vi uma voz discordante", disse.
D. Eugenio afirmou que cabe a
todos os católicos a tarefa de
apoiar a memória de João Paulo
2º e de agradecer pelos 27 anos de
seu papado, que trouxeram benefícios à igreja.
"Acho importante que as pessoas se manifestem como são.
Certamente, passado esse período
extraordinário, virão vários que,
como já acusaram antes, voltarão
a acusar novamente o papa."
Sem citar nominalmente o teólogo Leonardo Boff, d. Eugenio
mencionou o caso de uma pessoa
que foi proibida de falar pelo papa. "Ele passou para todos os efeitos que foi chamado e amordaçado. Não foi amordaçado porque
devem sair dos lábios de um padre palavras que são de Jesus Cristo, e não propriamente palavras
que são de [Karl] Marx", disse, em
referência ao silêncio obsequioso
que a Cúria Romana impôs a Boff
em 1984 e 1992.
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