São Paulo, sábado, 04 de maio de 2002 |
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ORIENTE MÉDIO Premiê levará proposta a Bush na terça; israelenses e palestinos recebem com cautela idéia de conferência Sharon vai apresentar plano de paz aos EUA
DA REDAÇÃO O premiê israelense, Ariel Sharon, planeja apresentar na próxima semana um detalhado plano de paz ao presidente dos EUA, George W. Bush. "Vou apresentar um plano sério, talvez o mais sério já apresentado até agora", declarou Sharon, em entrevista à rede de TV norte-americana ABC na noite de quinta-feira. Os líderes dos dos países devem se encontrar na próxima terça-feira, em Washington. Ontem, Sharon apresentou a sua proposta para a aprovação de seu gabinete de ministros, em Jerusalém. Os detalhes do plano ainda são desconhecidos do público. Segundo o diário israelense "Haaretz", ele deve "levar em conta os recentes acontecimentos no nível militar e político". Teria como princípio um acordo interino israelo-palestino de longa duração -idéia já apresentada por Sharon no passado. No plano doméstico, agora que a ofensiva militar para "destruir a infra-estrutura do terror" na Cisjordânia parece estar terminando, o primeiro-ministro sofre pressões do Partido Trabalhista (centro-esquerda, principal parceiro em sua coalizão) para levar adiante a busca de uma solução para o conflito pela via diplomática. O governo de Israel teria a intenção de utilizar esse novo plano como base para negociações numa eventual conferência internacional sobre a paz no Oriente Médio. Anteontem, representantes dos EUA, da União Européia, da Rússia e da ONU, reunidos em Washington, sugeriram a realização de uma conferência com essa finalidade durante o verão do hemisfério Norte (inverno no Brasil). Diplomatas israelenses acreditam que um encontro multilateral poderia ter maiores chances de êxito, uma vez que o governo de Sharon não está disposto a lidar diretamente com o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Iasser Arafat, acusado de apoiar o terrorismo. Ciente de que Israel se negaria a aceitar Arafat como um representante palestino legítimo numa conferência de paz, o governo americano tentou ontem diminuir as expectativas em relação ao encontro internacional. A Casa Branca disse que a reunião seria em nível ministerial e provavelmente não resultaria num acordo de paz definitivo. A intenção expressada pelo secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, é aproveitar a "janela de oportunidade" aberta com o fim, anteontem, do cerco a Arafat -que permaneceu 34 dias confinado pelo Exército de Israel em seu quartel-general em Ramallah- para fazer avançar o processo de paz. Não foram divulgadas datas nem local da eventual conferência. Arafat disse ontem que, "até agora, a idéia é bem-vinda, mas ainda não houve acordo sobre ela nem fomos oficialmente notificados". A reação oficial de Israel à proposta da conferência internacional foi ainda mais cautelosa que a palestina. Danny Ayalon, conselheiro de política externa de Sharon, disse que a questão "precisa ser estudada". "Confissão" de Barghouti Israel publicou um comunicado de três páginas afirmando ter obtido "confissões" de líderes palestinos presos durante a operação "Muro Protetor" implicando Arafat em casos de financiamento de atentados terroristas. Segundo o documento, Arafat teria aprovado dinheiro para pessoas "sabendo que seria usado para financiar ataques terroristas contra civis israelenses". A principal testemunha a sustentar o argumento, segundo Israel, é Marwan Barghouti, líder na Cisjordânia do Tanzim, milícia ligada ao Fatah (partido de Arafat). Ele teria confessado ao Shin Bet (serviço interno de segurança israelense) que comandou pessoalmente ações terroristas e que Arafat liberava fundos para esse tipo de atividades. Com agências internacionais Próximo Texto: Ministro do gabinete de Arafat renuncia Índice |
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