São Paulo, segunda-feira, 04 de junho de 2001

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COLÔMBIA
142 militares e 15 guerrilheiros devem ser libertados nos próximos dias

Bogotá e Farc fazem pacto histórico

DA FRANCE PRESSE

O governo da Colômbia e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) assinaram anteontem um acordo histórico para libertar combatentes.
O pacto humanitário, o primeiro que as partes assinam em 29 meses de conversações, colocará em liberdade nos próximos dias 142 militares e policiais capturados pelos rebeldes em combate e 15 guerrilheiros presos.
Estima-se que as Farc tenham em seu poder ao todo cerca de 500 policiais e soldados.
O acordo está sendo considerado um passo adiante no processo de paz por diversos líderes humanitários, políticos e religiosos da Colômbia.
Para o presidente Andrés Pastrana, o compromisso deve humanizar o conflito armado, que, nas últimas semanas, foi marcado por massacres de camponeses e outros civis, cometidos tanto por guerrilhas de esquerda quanto por paramilitares de ultradireita, seus inimigos.
"Vejo o acordo também como fundamental para dinamizar o processo de paz. Com ele, abre-se a porta para mais acordos com as Farc", disse o presidente ao assinar o pacto humanitário.

"Descansar da violência"
Por sua vez, o chefe máximo das Farc, Manuel Marulanda ("Tirofijo"), disse acreditar que, assim como foi possível chegar a esse acordo, "poderemos chegar a um segundo ou a um terceiro, até conseguirmos aquilo pelo qual anseiam todos os colombianos, isto é, uma saída política do conflito social e armado, de modo que a Colômbia possa finalmente descansar de tanta violência".
O pacto "é uma boa notícia para o povo colombiano, especialmente para as mães e outros familiares dos militares e policiais", enfatizou o septuagenário fundador das Farc, a maior força rebelde do país, com cerca de 16.500 combatentes.
O governo e o movimento guerrilheiro discutiram o acordo à margem das negociações de paz propriamente ditas, que vêm sendo conduzidas desde 7 de janeiro de 1999 numa área desmilitarizada de 42 mil km2 de selva no sul do país, sob controle rebelde desde novembro de 1998.
Tomarão parte no processo de libertação dos combatentes diplomatas de vários países-como Canadá, Cuba, Espanha, França, Itália, México, Noruega, Suécia, Suíça e Venezuela-, que integram a comissão internacional que tem assessorado o processo de paz, além de representantes do Reino Unido e da ONU.
O embaixador colombiano em Washington, Luis Alberto Moreno, afirmou ter convicção de que o acordo humanitário será "muito bem recebido" nos Estados Unidos.
O país é o principal patrocinador do Plano Colômbia de combate ao narcotráfico -ao qual as Farc se opõem- com uma injeção de cerca de US$ 1,3 bilhão em ajuda econômica e militar.


Tradução de Clara Allain


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