São Paulo, segunda-feira, 04 de junho de 2001

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Rejeição diminui votos em branco

DO ENVIADO ESPECIAL

A rejeição foi o grande eleitor do segundo turno peruano. Os eleitores foram às urnas ontem mais convictos em votar contra um dos candidato do que a favor do outro.
É uma postura que certamente vai afetar a credibilidade do novo presidente, Alejandro Toledo (Peru Possível).
"Por que votei em Toledo? Porque tenho medo que García volte ao poder e faça tudo aquilo que fez no seu primeiro governo", justificou o professor Javier Viez, 54, referindo-se ao desastrado governo de García entre 85 e 90, marcado pela hiperinflação, terrorismo e denúncias de corrupção.
Após votar em uma escola no bairro de classe alta de San Isidro, em Lima, Viez admitiu falhas em Toledo. "Mas imagine votar no retorno ao caos? O país deve ter medo de García e não perdoá-lo pelo que fez. Toledo não é santo, mas o outro é diabólico", disse.
Para a dona-de-casa Maria Dolores Salt, 32, a eleição de García criaria uma fuga de investidores estrangeiros.
"Tenho filhos e eles precisam de emprego. Não gosto de Toledo, mas votar em García significa aumentar o desemprego no país", comparou a eleitora do bairro de classe média alta de Miraflores.
O raciocínio dos eleitores de García é similar. "Toledo perdeu a credibilidade, se recusou a fazer o teste de DNA para saber se tem uma filha ilegítima. Não votaria em quem não confio", disse o advogado Juan Gamarra, 60, eleitor da Universidade de San Marcos, o maior local de votações de Lima.
"É lógico que Alan García errou, mas aprendeu. Ele já esteve na Presidência, sabe do desafio do cargo. Mas Toledo é inconstante, uma hora diz que defende aumento de salários para os professores, depois diz que não há dinheiro", disse o aposentado Raimundo Prado, que votou na mesma universidade.
Segundo as pesquisas, a rejeição aos dois candidatos era o principal fator para a diminuição do número de votos em branco. No mês passado, quase um terço dos peruanos ameaçava votar em branco, mas o índice tendia a cair.
"Eu ia votar em branco porque não gosto de nenhum dos dois. García é um populista, e Toledo, um incoerente. Só decidi votar em Toledo porque Alan García subiu nas pesquisas e pode ganhar. Então votei no mal menor", disse o funcionário público Raúl Valentim Villarán, 28, brincando com o fato de Toledo ter 1,60 m de altura, e Garcia, 1,90 m. (TT)



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