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Rejeição diminui votos em branco
DO ENVIADO ESPECIAL
A rejeição foi o grande eleitor
do segundo turno peruano. Os
eleitores foram às urnas ontem
mais convictos em votar contra
um dos candidato do que a favor
do outro.
É uma postura que certamente
vai afetar a credibilidade do novo
presidente, Alejandro Toledo (Peru Possível).
"Por que votei em Toledo? Porque tenho medo que García volte
ao poder e faça tudo aquilo que
fez no seu primeiro governo", justificou o professor Javier Viez, 54,
referindo-se ao desastrado governo de García entre 85 e 90, marcado pela hiperinflação, terrorismo
e denúncias de corrupção.
Após votar em uma escola no
bairro de classe alta de San Isidro,
em Lima, Viez admitiu falhas em
Toledo. "Mas imagine votar no
retorno ao caos? O país deve ter
medo de García e não perdoá-lo
pelo que fez. Toledo não é santo,
mas o outro é diabólico", disse.
Para a dona-de-casa Maria Dolores Salt, 32, a eleição de García
criaria uma fuga de investidores
estrangeiros.
"Tenho filhos e eles precisam de
emprego. Não gosto de Toledo,
mas votar em García significa aumentar o desemprego no país",
comparou a eleitora do bairro de
classe média alta de Miraflores.
O raciocínio dos eleitores de
García é similar. "Toledo perdeu a
credibilidade, se recusou a fazer o
teste de DNA para saber se tem
uma filha ilegítima. Não votaria
em quem não confio", disse o advogado Juan Gamarra, 60, eleitor
da Universidade de San Marcos, o
maior local de votações de Lima.
"É lógico que Alan García errou,
mas aprendeu. Ele já esteve na
Presidência, sabe do desafio do
cargo. Mas Toledo é inconstante,
uma hora diz que defende aumento de salários para os professores, depois diz que não há dinheiro", disse o aposentado Raimundo Prado, que votou na mesma universidade.
Segundo as pesquisas, a rejeição
aos dois candidatos era o principal fator para a diminuição do número de votos em branco. No mês
passado, quase um terço dos peruanos ameaçava votar em branco, mas o índice tendia a cair.
"Eu ia votar em branco porque
não gosto de nenhum dos dois.
García é um populista, e Toledo,
um incoerente. Só decidi votar em
Toledo porque Alan García subiu
nas pesquisas e pode ganhar. Então votei no mal menor", disse o
funcionário público Raúl Valentim Villarán, 28, brincando com o
fato de Toledo ter 1,60 m de altura,
e Garcia, 1,90 m.
(TT)
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