São Paulo, Sexta-feira, 04 de Junho de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

REAÇÃO DOS EUA
Para ele, Otan precisa ter certeza de que o governo iugoslavo está disposto a cumprir as condições do plano
Devemos ser cautelosos, diz Clinton

MARCIO AITH
de Washington

O presidente dos EUA, Bill Clinton, reagiu com ceticismo e cuidado à decisão do presidente iugoslavo, Slobodan Milosevic, e do Parlamento sérvio de aceitar os termos da proposta internacional de paz para o conflito em Kosovo.
"Qualquer movimento da liderança sérvia para aceitar as condições estabelecidas pela Otan (aliança militar ocidental, liderada pelos EUA) e pela comunidade internacional é bem-vindo. No entanto, com base em nossa experiência passada, devemos também ser cautelosos", disse ontem o presidente.
A Iugoslávia é formada por duas Repúblicas: Sérvia e Montenegro. A Província de Kosovo integra a Sérvia.
Segundo Clinton, a Otan precisa ter certeza de que o governo iugoslavo está disposto a cumprir as condições do acordo.
"Até que as forças sérvias iniciem uma retirada verificável de Kosovo, continuaremos a buscar a diplomacia, mas também manteremos o esforço militar que nos trouxe a esse ponto", afirmou.
Em conversas e entrevistas, James Rubin, porta-voz do Departamento de Estado, e Joe Lockhart, porta-voz da Casa Branca, fizeram questão de salientar que os pontos do acordo representam um recuo do presidente Milosevic e uma vitória da estratégia de bombardeio aéreo da Otan (e, portanto, de Clinton), criticada pela oposição republicana nos EUA, e também por democratas.
"Gostaria de deixar claro que a força de paz que garantirá o retorno dos refugiados a Kosovo terá a liderança da Otan", disse Rubin.
As tentativas anteriores de paz fracassaram porque o governo da Iugoslávia se negava a permitir a presença em território iugoslavo de países da Otan que participaram do bombardeio.
Rubin afirmou ainda que, segundo o acordo aprovado pelo Parlamento sérvio, Milosevic se comprometeu a retirar todas as tropas de Kosovo. Ele insistia em manter presença militar na região.
Respondendo a perguntas mais incisivas, Rubin reconheceu, no entanto, que o governo iugoslavo poderia ter uma "presença simbólica" em Kosovo.
A retirada das tropas sérvias e o retorno dos refugiados poderiam ajudar Clinton a recuperar seu índice de popularidade.
Desde o início dos bombardeios da Otan, os índices de aprovação a Clinton caíram 10%.
Al Gore, vice de Clinton e um dos candidatos à sucessão do presidente, também teve a imagem arranhada pela aparente ineficácia dos bombardeios.
Especialistas acreditam que, se a população acreditar que o governo dos EUA ganhou, Gore terá um estímulo forte para fazer sua campanha decolar.


Texto Anterior: Pessimistas
Próximo Texto: Entenda mais sobre o conflito nos Bálcãs
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.