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REAÇÃO DOS EUA
Para ele, Otan precisa ter certeza de que o governo iugoslavo está disposto a cumprir as condições do plano
Devemos ser cautelosos, diz Clinton
MARCIO AITH
de Washington
O presidente dos EUA, Bill Clinton, reagiu com ceticismo e cuidado à decisão do presidente iugoslavo, Slobodan Milosevic, e do Parlamento sérvio de aceitar os termos
da proposta internacional de paz
para o conflito em Kosovo.
"Qualquer movimento da liderança sérvia para aceitar as condições estabelecidas pela Otan
(aliança militar ocidental, liderada
pelos EUA) e pela comunidade internacional é bem-vindo. No entanto, com base em nossa experiência passada, devemos também
ser cautelosos", disse ontem o presidente.
A Iugoslávia é formada por duas
Repúblicas: Sérvia e Montenegro.
A Província de Kosovo integra a
Sérvia.
Segundo Clinton, a Otan precisa
ter certeza de que o governo iugoslavo está disposto a cumprir as
condições do acordo.
"Até que as forças sérvias iniciem
uma retirada verificável de Kosovo, continuaremos a buscar a diplomacia, mas também manteremos o esforço militar que nos trouxe a esse ponto", afirmou.
Em conversas e entrevistas, James Rubin, porta-voz do Departamento de Estado, e Joe Lockhart,
porta-voz da Casa Branca, fizeram
questão de salientar que os pontos
do acordo representam um recuo
do presidente Milosevic e uma vitória da estratégia de bombardeio
aéreo da Otan (e, portanto, de
Clinton), criticada pela oposição
republicana nos EUA, e também
por democratas.
"Gostaria de deixar claro que a
força de paz que garantirá o retorno dos refugiados a Kosovo terá a
liderança da Otan", disse Rubin.
As tentativas anteriores de paz
fracassaram porque o governo da
Iugoslávia se negava a permitir a
presença em território iugoslavo
de países da Otan que participaram do bombardeio.
Rubin afirmou ainda que, segundo o acordo aprovado pelo Parlamento sérvio, Milosevic se comprometeu a retirar todas as tropas
de Kosovo. Ele insistia em manter
presença militar na região.
Respondendo a perguntas mais
incisivas, Rubin reconheceu, no
entanto, que o governo iugoslavo
poderia ter uma "presença simbólica" em Kosovo.
A retirada das tropas sérvias e o
retorno dos refugiados poderiam
ajudar Clinton a recuperar seu índice de popularidade.
Desde o início dos bombardeios
da Otan, os índices de aprovação a
Clinton caíram 10%.
Al Gore, vice de Clinton e um dos
candidatos à sucessão do presidente, também teve a imagem arranhada pela aparente ineficácia
dos bombardeios.
Especialistas acreditam que, se a
população acreditar que o governo
dos EUA ganhou, Gore terá um estímulo forte para fazer sua campanha decolar.
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