São Paulo, quarta-feira, 04 de julho de 2001

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DESASTRE

O Tupolev 154 da companhia aérea russa Vladivostok Avia caiu perto da cidade de Irkutsk sem deixar sobreviventes

Avião cai na Sibéria e mata 145 pessoas

DA REDAÇÃO

Um avião russo com 135 passageiros e dez tripulantes caiu ontem perto da cidade de Irkutsk, na Sibéria, matando todas as pessoas a bordo, disseram as autoridades.
O Tupolev 154 da companhia aérea Vladivostok Avia, que seguia de Iekaterinburgo, nos montes Urais, para Vladivostok, na costa do Pacífico, desapareceu das telas de radar às 21h10 de Moscou (13h10 em Brasília).
Edmund Musin, porta-voz do Ministério de Situações de Emergência, disse que os destroços do avião ainda em chamas foram encontrados perto do vilarejo de Budyonnovka, a 34 km de Irkutsk, num bosque próximo ao lago Baikal, onde muitos moradores da cidade têm sítios e casas de campo.
O Comitê Governamental de Aviação disse que o avião pegou fogo ao cair. Equipes de resgate enviadas ao local controlaram rapidamente as chamas, mas não encontraram sobreviventes.
"Todos morreram", disse o porta-voz do Ministério de Situações de Emergência. Segundo ele, o avião caiu a quatro quilômetros de uma estrada e não atingiu ninguém no solo.
O porta-voz disse que o número de vítimas pode ser maior porque é comum pessoas viajarem sem passagens em vôos domésticos na Rússia. O Tupolev 154, semelhante em tamanho ao Boeing 727, tem capacidade para 180 passageiros.
Testemunhas em Budyonnovka disseram ter visto o avião voando em círculos, parecendo estar buscando um local para aterrissar.
Segundo as testemunhas, o avião caiu na terceira volta, provocando uma grande explosão. O primeiro alerta sobre o desastre foi dado à polícia pelos próprios moradores da região.
O Tupolev 154, o avião mais usado em vôos domésticos na Rússia, deveria fazer uma escala em Irkutsk, a 4.200 km de Moscou, perto da fronteira com a Mongólia, antes de seguir para Vladivostok, a principal cidade russa na costa do Pacífico.
Até o fechamento desta edição não havia informações sobre a causa do desastre. Nenhum problema com a aeronave havia sido relatado durante a decolagem em Iekaterinburgo.

Investigação
O presidente russo, Vladimir Putin, ordenou ao primeiro-ministro Mijahil Kasianov a formação de uma comissão para investigar o acidente.
A comissão será presidida pelo vice-primeiro-ministro Ilya Klebanov, que também coordenou a comissão encarregada de investigar o naufrágio do submarino nuclear Kursk, em agosto passado.
Klebanov seguirá hoje para Irkutsk. O ministro de Situações de Emergência, Serguei Choigou, já viajou para o local para coordenar as operações de socorro. As equipes de resgate estão vistoriando a área para ver se algum sobrevivente estaria nas proximidades.
Um grupo de 30 especialistas em aviação e acidentes aéreos foi enviado ontem ao local do acidente. Os investigadores vão procurar a caixa-preta do avião e recolher os destroços em busca de pistas sobre a causa do acidente.

União Soviética
Mais de mil Tupolev 154 foram construídos nos tempos da União Soviética (extinta em 1991). A maioria permanece em operação nas ex-Repúblicas soviéticas, no Leste Europeu e na China.
Vários Tupolev 154 sofreram acidentes graves nos últimos anos. Alguns especialistas em aviação dizem que o Tupolev 154 não é uma aeronave segura.
Embora usada com sucesso pela Aeroflot, a principal companhia aérea russa, e por muitas companhias do antigo bloco soviético, o Tupolev 154 não tem condições de competir comercialmente com aeronaves semelhantes ocidentais, bem mais modernas, dizem os especialistas.


Com agências internacionais


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