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EMIGRAÇÃO
Segundo o Itamaraty, número é o maior já registrado; emigrantes injetam R$ 5,8 bilhões na economia brasileira por ano
2,5 milhões de brasileiros vivem fora do país
ANA FLOR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Cerca de 2,5 milhões de brasileiros vivem hoje fora do país. O
contingente é o maior já registrado no Brasil e tem na crise econômica e na busca por melhores
condições de vida suas principais
causas.
A estimativa é oficial. Foi elaborada pelo Ministério das Relações
Exteriores do Brasil. Os números
incluem tanto as pessoas que estão no exterior legalmente quanto
aquelas consideradas ilegais pelas
autoridades locais -que são classificadas pelo Itamaraty de "irregulares".
Formalmente, há 1,8 milhão de
brasileiros fora do país. São pessoas que emigram e informam
voluntariamente à embaixada ou
ao consulado brasileiro sua localização no exterior.
O Itamaraty chegou aos 2,5 milhões de emigrantes considerando estatísticas elaboradas pelos
países que acolhem os brasileiros
e dados referentes à movimentação consular dos brasileiros ilegais. Ainda que não se registrem
formalmente na embaixada, esses
brasileiros vêem-se forçados a
buscar assistência consular no
momento em que querem casar-se, registrar seus filhos ou emitir
procurações para parentes no
Brasil.
Uma faceta comemorada pelo
governo é a colaboração econômica dos emigrantes. Segundo
Manoel Gomes Pereira, diretor
das Comunidades Brasileiras no
Exterior do Itamaraty, os brasileiros vivendo no exterior são responsáveis pela injeção de cerca de
R$ 5,8 bilhões na economia brasileira por ano.
Em 2003, o Banco Central do
Brasil registrou um envio de R$
2,9 bilhões. O restante, segundo
Pereira, são quantias trazidas pessoalmente ao país ou enviadas
por amigos.
"São compatriotas que deveriam ser recebidos com tapete
vermelho, champanhe e caviar",
brinca Pereira.
Mais da metade dos brasileiros
que decidem morar no exterior
escolhe os Estados Unidos como
principal destino. O Paraguai, o
Japão e Portugal vêm logo em seguida.
Pé-de-meia
O perfil das pessoas que decidem deixar seu país é variado. Segundo Pereira, são tanto profissionais com nível acadêmico elevado quanto pessoas de regiões
economicamente deprimidas.
As razões podem ser a procura
por empregos especializados e
mais bem remunerados ou a busca do tradicional pé-de-meia para
voltar ao país com estabilidade financeira.
"A grande maioria não emigra
com a intenção de permanecer
[fora do Brasil]", diz Pereira.
No exterior, a imagem do brasileiro é a de um trabalhador dedicado. De acordo com Pereira,
além de trabalharem bastante, os
brasileiros são considerados receptivos, ordeiros e bem integrados culturalmente.
O crescimento das comunidades brasileiras no exterior não é
visto com maus olhos pelo Itamaraty. "As emigrações são um fenômeno humano", diz Pereira.
"Na pré-história, éramos nômades".
A simples análise do número de
pessoas registradas em embaixadas e consulados do Brasil e em
outros países mostra uma saída
crescente de brasileiros do território nacional.
Em 1996, estavam registrados
nos Estados Unidos menos de 600
mil brasileiros. Em 2003, o número havia pulado para quase 720
mil -uma média de 16 mil brasileiros a mais em solo americano a
cada ano.
O diplomata crê que os países
procurados pelos trabalhadores
irregulares tenham maior preocupação com a manutenção de
uma política migratória ordenada
do que com os empregos que essas pessoas ocupam. "A existência da loteria do "green card" é
uma prova de que até os EUA precisam de imigrantes", diz Pereira.
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