do "The Independent"

Uma política controversa determinada pela Dinamarca no início dos anos 60 levou ao fechamento de muitos povoados distantes, obrigando milhares de pessoas a mudarem para a capital da Groenlândia, Nuuk. Muitas delas acabaram vivendo no Blok P, um conjunto habitacional formado por prédios deprimentes.
E muitos não conseguiram suportar a mudança psicológica de uma existência que girava em torno da caça, da pesca e da troca de produtos para a vida em apartamentos pequenos, com trabalho assalariado em fábricas de processamento de peixe, em turnos variados, ou a dependência da previdência social. Para fugir de tudo isso, eles voltaram-se para as bebidas alcoólicas.
Aqqaluk Lynge, um dos líderes do Movimento de Defesa dos Direitos dos Esquimós, descreve a perda de identidade sofrida pelos nativos, em especial os homens, como "um desastre humano".

Invernos longos
Os invernos longos e escuros e os verões curtos, quando o sol quase não se põe, eram mais facilmente suportados pelos esquimós quando eles caçavam e pescavam em harmonia com as estações do ano.
O alto índice de suicídios -que vem subindo a tal ponto que praticamente não passa uma semana sem que alguém se mate por enforcamento ou bala- é atribuído à perda das tradições de um povo profundamente orgulhoso e auto-suficiente.
"A transformação da sociedade é rápida demais para alguns e lenta demais para satisfazer as expectativas de outros", diz o epidemiologista Peter Bjerregaard, que pesquisou exaustivamente os altos índices de mortalidade na Groenlândia. Embora o suicídio às vezes acompanhe o alcoolismo, raramente está associado à depressão clínica.
"Os jovens se enforcam ou se matam a tiros quando acham que não têm um papel útil a cumprir na sociedade", diz Mikaela Engell, funcionária da área de saúde do governo.
"Não se trata de um pedido de socorro. Antigamente, os velhos iam sozinhos morrer nas montanhas quando achavam que haviam deixado de ser úteis." (KB)



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