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GUERRA AO TERROR
Representante da OEA afirma em Foz do Iguaçu que dinheiro da região "acaba chegando às mãos de terroristas"
Diplomata liga Tríplice Fronteira ao terror
DA AGÊNCIA FOLHA
O diplomata americano Steven
Monblatt, secretário-executivo do
Comitê Interamericano contra o
Terrorismo da OEA (Organização
dos Estados Americanos), disse
ontem que a comunidade muçulmana da Tríplice Fronteira (Brasil, Argentina e Paraguai) ajuda,
mesmo que indiretamente, a financiar grupos terroristas islâmicos no Oriente Médio.
"Não há dúvida de que, seja isso
intencional ou não, dinheiro daqui acaba chegando às mãos de
terroristas", disse Monblatt em
Foz do Iguaçu (PR), onde participou no fim de semana de encontro com líderes árabes locais.
A comunidade árabe esperava
que a presença do diplomata na
região representasse um atestado
de que a Tríplice Fronteira está fora da rota das atividades de grupos radicais do Oriente Médio.
Depois dos atentados do 11 de
Setembro, a área foi relacionada
pela CIA (serviço secreto norte-americano) como ponto de encontro para terroristas islâmicos,
mas nenhuma prova concreta foi
apresentada.
Monblatt, que já ocupou o cargo de subsecretário antiterrorismo do Departamento de Estado
dos Estados Unidos na administração George W. Bush, afirmou
que não há evidência de que a região abrigue campos de treinamento ou células terroristas. A ligação da Tríplice Fronteira com o
terrorismo estaria, de acordo com
ele, no financiamento -mesmo
que indiretamente.
"Li reportagens sobre supostas
células da [rede terrorista] Al
Qaeda aqui, mas até o Departamento de Estado descarta essa
possibilidade."
Lavagem de dinheiro
O diplomata recomendou à comunidade árabe de Foz do Iguaçu
que tomasse precauções para que
remessas de dinheiro enviadas a
parentes, entidades beneficentes e
organizações assistenciais e políticas de países do Oriente Médio
não caíssem nas mãos de grupos
terroristas.
Ele afirmou que "gente de boa-fé pode estar sendo usada" para
financiar "terrorista ou outras atividades ilícitas" e sugeriu que se
estabeleçam critérios mais rigorosos nos sistemas de doações. Defendeu ainda uma ação conjunta e
permanente entre Brasil, Argentina e Paraguai na fiscalização de lavagem de dinheiro.
Para Monblatt, parte do dinheiro que sai da região -de US$ 10
bilhões a US$ 12 bilhões por ano,
pelas estimativas de autoridades
norte-americanas- está chegando a organizações classificadas
como terroristas pelo Departamento de Estado dos EUA, como
o libanês Hizbollah e o palestino
Hamas.
Nos países árabes, o Hizbollah é
visto como uma resistência contra a ocupação israelense. No Líbano, é um partido político que
possui uma TV e faz ações sociais.
Ele disse que a imagem da Tríplice Fronteira no exterior não está associada ao terror. "Vocês estão mais preocupados com isso
do que lá fora", afirmou. "Lá essas
notícias não têm tanto impacto
como têm aqui."
Monblatt chegou a Foz do Iguaçu na sexta-feira. No sábado, participou de jantar com representantes da comunidade árabe local.
Hoje ele deve embarcar para o Rio
de Janeiro.
O diplomata afirmou que sua
viagem a Foz não foi feita em caráter oficial, mas para desfazer
eventuais mal-entendidos sobre a
visão norte-americana da suposta
ligação entre a Tríplice Fronteira e
grupos terroristas.
Com agências internacionais
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