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GUERRA SEM LIMITES
Advogados americanos e britânicos dizem que detidos pelos EUA eram obrigados a praticar sodomia
Guantánamo tortura presos, diz relatório
DO "INDEPENDENT"
Prisioneiros de Guantánamo
foram sujeitos a torturas e humilhações sexuais ao estilo do que
foi cometido na prisão iraquiana
de Abu Ghraib. Foram obrigados
a ficar nus e a praticar sodomia
uns com os outros e foram tratados com escárnio por soldadas
americanas nuas. As informações
estão em um relatório que acaba
de vir a público. Alguns dos abusos foram captados em vídeo.
Baseado nos depoimentos de
ex-prisioneiros, entre os quais
três britânicos, o relatório traz detalhes sobre um regime brutal,
mas orquestrado cuidadosamente, vigente no campo de prisioneiros dos EUA, regime no qual os
abusos eram distribuídos com
vistas a causar "impacto máximo". Os prisioneiros de formação
muçulmana mais rígida eram os
que tinham mais probabilidade
de sofrer humilhações e abusos
sexuais, enquanto os que já tinham tido contato com a cultura
ocidental geralmente eram confinados em solitária e se tornavam
alvos de maus-tratos físicos.
O relatório detalha como os presos ouviam sua religião ser tratada com escárnio. "Havia uma política clara de tentar forçar as pessoas a abandonar sua fé religiosa",
diz um trecho do relatório. Incluindo depoimentos de médicos
que examinaram os prisioneiros
após sua libertação, o documento
detalha como os prisioneiros recebiam injeções de drogas desconhecidas durante sessões de interrogatório e ouviam que só receberiam remédios se cooperassem.
Cinco prisioneiros britânicos
foram libertados de Guantánamo
em março, sem qualquer acusação, e soltos um dia depois pelas
autoridades britânicas. Outros
quatro britânicos permanecem
na prisão dos EUA em Cuba, junto com quase 600 outros detidos.
Consta que dois deles estariam
sendo mantidos em solitária há
mais de um ano.
O relatório que descreve esses
abusos foi compilado por um grupo de advogados britânicos e
americanos e será divulgado hoje,
em Nova York, pelo Centro de Direitos Constitucionais. Investigadores estão estudando alegações
de abusos cometidos contra grande número de prisioneiros iraquianos em Abu Ghraib, nos
quais presos do sexo masculino
foram abusados, torturados e sexualmente humilhados por seus
guardas americanos. Os investigadores também estão estudando
os fatos por trás da morte de uma
série de prisioneiros sob custódia
dos militares americanos.
Um fator que liga Guantánamo
a Abu Ghraib é o general Geoffrey
Miller, ex-comandante de Guantánamo que, em agosto do ano
passado, deixou a base americana
para assumir o comando da prisão perto de Bagdá. Consta que
Miller teria dito a seus subordinados no Iraque que sua intenção
era transformar Abu Ghraib num
centro de coleta de inteligência e
"guantanamizar" a operação.
Os incidentes descritos no novo
relatório -que também alega
que autoridades de inteligência
britânicas estiveram envolvidos
no interrogatório não apenas de
prisioneiros britânicos, mas também de detidos vindos de diversos países, incluindo França, Bélgica, Dinamarca e Bósnia- são
semelhantes a acusações feitas em
outros veículos por prisioneiros já
libertados.
No início da semana, o jornal
francês ""Libération" detalhou as
alegações de dois ex-prisioneiros
franceses que contaram ter sofrido abusos físicos e sexuais. Eles
disseram que seus captores urinaram sobre eles e lhes recusaram
tratamento médico enquanto estiveram detidos. Nizar Sassi e
Mourad Benchellali disseram que
mulheres seminuas interrogavam
detentos e que eram forçados a
ver filmes pornográficos.
Outro ex-prisioneiro britânico
afirmou ter sido interrogado por
horas a fio enquanto era acorrentado a um anel de metal preso ao
chão, como um cachorro. Em depoimento juramentado, Tarek
Dergoul contou que foi espancado, amarrado "como um animal",
pulverizado com um spray de pimenta e teve sua cabeça enfiada
numa privada. Ele disse que a
brutalidade foi filmada.
Dergoul, que é um dos britânicos libertados em março, contou
que, durante os 22 meses que passou detido sem acusação, foi atacado repetidas vezes por um esquadrão de castigo conhecido como Força de Reação Extrema.
Os presos em Cuba são considerados pelos EUA "combatentes
inimigos" e serão julgados por
cortes militares. Em junho último, a Suprema Corte dos EUA
determinou que eles têm direito a
recorrer a tribunais americanos.
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