São Paulo, quarta-feira, 04 de agosto de 2004

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Torturadora "agiu por diversão"

Bob Jordan/Associated Press
Grávida, Lynndie England (à esq.) comparece ao Forte Bragg (Carolina do Norte, EUA) na 1ª audiência militar para determinar se ela irá à corte marcial por torturar detentos no Iraque

DA REDAÇÃO

Começaram ontem as audiências para determinar se a recruta americana Lynndie England, celebrizada ao aparecer em fotos torturando e humilhando prisioneiros no Iraque, será submetida à corte marcial. No primeiro dia de argumentação num tribunal militar, a promotoria retratou England, 21, como uma pessoa fora de controle que cometeu os abusos por mera diversão.
A acusação contesta o argumento da defesa de que England, grávida supostamente de um sargento também acusado de abusos, estaria apenas cumprindo ordens. Segundo testemunhas, os iraquianos que aparecem nas fotos sendo sexualmente humilhados pela recruta sofreram os abusos apenas "por esporte", já que eram criminosos comuns, com pouco ou nenhum valor para os interrogadores que buscavam informações sobre a insurgência.
Paul Arthur, principal investigador criminal do Exército, disse em seu testemunho que, ao questionar England sobre as fotos, três meses antes de elas virem a público em abril, a recruta lhe respondeu que se tratava de um momento de "brincadeira e diversão".
As fotos com England e outros seis militares que atuavam na prisão de Abu Ghraib, perto de Bagdá, deram origem ao maior escândalo recente envolvendo as Forças Armadas dos EUA. Até agora, apenas um dos acusados, o recruta Jeremy Sivits, foi a julgamento. Mediante um acordo pelo qual acusou seus colegas, Sivits foi sentenciado a um ano de prisão e expulsão das Forças Armadas.
Já England recebeu 13 acusações de abuso e seis de posse de fotos sexualmente explícitas. Se condenada, sua pena pode chegar a 38 anos de prisão.
Em uma entrevista à rede britânica BBC, a general Janis Karpinski, responsável por Abu Ghraib na época das fotos -outubro e novembro de 2003- disse que houve uma "conspiração" para evitar que ela soubesse dos abusos. Indagada se a conspiração chegou ao Pentágono ou à Casa Branca, respondeu que "tudo indica que pode ter chegado".

Com agências internacionais

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