São Paulo, quinta, 4 de setembro de 1997.



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MÍDIA
John Kennedy Jr. diz que sua mãe, Jacqueline, foi vítima dos pararazzi e dos inventores de história
Filho de Kennedy ataca publicações que vendem "todo tipo de fofoca"

Associated Press
John Kennedy Jr. passeia com sua mulher, Carolyn, em Nova York


JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
de Nova York

Filho de Jacqueline Kennedy Onassis (1929-1994), uma das personalidades mais perseguidas pelas lentes fotográficas dos EUA, John Kennedy Jr. acha que a sociedade deveria estabelecer limites entre o público e o privado.
Editor da "George", revista especializada em política norte-americana, Kennedy Jr. questiona não só a ação dos paparazzi, mas também publicações e editoras que abrem espaço para "todo tipo de fofoca", independente da veracidade ou não da informação.
"Está havendo uma onda contra os paparazzi, mas talvez até piores do que alguns deles sejam órgãos de imprensa que inventam notícias para vender", afirmou à Folha, no 41º andar de um edifício da Broadway, em Manhattan, onde fica a redação da "George".
O filho do presidente Kennedy (1917-1963) cita a história de sua mãe como prova do que diz. "Fizeram mil biografias sobre ela, pessoas que nem a conheciam, que pegavam uma frase daqui, outra de lá e criavam um livro de ficção, vendido como se fosse verdade."
Uma das formas de a sociedade controlar os abusos da imprensa, segundo Kennedy Jr., é parar de comprar publicações sensacionalistas. "Sei que as pessoas se interessam por fofoca, mas se souberem que boa parte do que lêem é mentira, pararão de comprar."
Caso de polícia
Depois da morte de seu cunhado Robert Kennedy, assassinado durante a convenção democrata para a campanha presidencial de 1968, Jacqueline casou-se com o armador grego Aristóteles Onassis e passou a exigir privacidade.
Jacqueline, no entanto, teve enormes dificuldades para se afastar dos olhos do público. E, em especial, das lentes de Ron Galella, que já foi considerado o paparazzi número um dos Estados Unidos.
Em 1969, cansada de ser abordada por ele, decidiu processá-lo, sob acusação de que a perseguição do fotógrafo estava lhe causando enormes danos emocionais.
A gota d'água teria sido quando Galella seguiu sua filha, Caroline, numa festa escolar, causando-lhe constrangimento em relação aos colegas. Na semana seguinte, seu filho, John, quase caiu da bicicleta no Central Park ao ser surpreendido pelo fotógrafo.
Galella foi proibido de se aproximar de Jacqueline e das crianças. Ele devia se manter a 45,72 m dela, a 68,58 m de seus filhos e a 91,44 m do prédio em que moravam.
Alegando que Jacqueline estava coibindo seu direito de ir e vir e que, se tivesse de se manter a 91,44 m do prédio dela, nem ao museu Metropolitan poderia ir, Galella conseguiu reduzir a sentença. Mesmo assim, continuou proibido de ficar a menos de 7,62 m de Jacqueline e a menos de 9,14 m de John e Caroline.
Em mais de uma ocasião, Galella foi acusado de desrespeitar a sentença e acabou passando algumas noites detido.
Para o fotógrafo, que diz que tinha uma relação de amor e ódio com Jacqueline, ela estava tentando coibir seu direito de trabalhar e, mais do que tudo, sendo hipócrita.
"Ela gostava de aparecer e só chamou a polícia porque eu descobri que estava saindo com o senhor Tempelsman (Maurice, último companheiro de Jacqueline). Ele era legalmente casado e ficou irritado quando eu revelei que eles estavam tendo um romance."



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