São Paulo, quinta, 4 de setembro de 1997.



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INVESTIGAÇÃO
Agentes buscam filmes em agências de fotos para tentar descobrir novos envolvidos na tragédia
Polícia procura mais fotógrafos suspeitos de ligação com acidente

MARTA AVANCINI
de Paris

A polícia francesa está procurando outros fotógrafos suspeitos de participação na perseguição que teria provocado o acidente que resultou na morte da princesa Diana. Eles teriam fotografado o acidente e fugido do local.
A primeira investida foi sobre a agência LC Presse, em Paris. Ontem, a polícia foi ao local procurar negativos e fotografias do acidente produzidos por profissionais ligados à agência.
Procurado pela Folha, o juiz de instrução Hervé Stéphan, responsável pelas investigações, não quis falar sobre o andamento dos trabalhos.
"Estou sob sigilo de investigação e impedido de fazer comentários", afirmou Stéphan por telefone, após ter se desculpado por não poder conceder entrevistas.
Homicídio
Anteontem, seis fotógrafos e um motociclista foram colocados sob investigação por determinação de Stéphan.
Eles estão sendo investigados por homicídio culposo (involuntário), lesão corporal e por omissão de socorro.
Se os outros fotógrafos forem localizados e se houver indícios do envolvimento deles no caso, eles também poderão ser colocados sob investigação.
O advogado da LC Presse confirmou à Folha que dois fotógrafos da agência estão sendo procurados pela polícia.
"Eles chegaram primeiro ao local do acidente, fizeram fotos e conseguiram sair sem serem detidos pela polícia", disse o advogado Bernard Collard, que também trabalha para agência Angeli e defende Christian Martinez.
Collard disse ter sido informado do caso porque a polícia foi até a agência, mas disse não saber os nomes dos fotógrafos ou onde eles estão.
A venda de algumas dessas fotos chegou a ser negociada por até US$ 250 mil. "Vendi algumas durante cerca de cinco horas após o acidente, mas resolvi parar quando soube da morte da princesa", afirmou Laurent Solar, proprietário da LC Presse, ao canal de TV France 3.
"Reflexo"
Segundo ele, a empresa foi procurada por jornais e revistas de todo o mundo interessados em comprar as imagens. Os contatos foram feitos por telefone. Solar também afirmou que não pretende revelar os nomes dos fotógrafos que fizeram as imagens.
"Foi um reflexo. Eles foram profissionais. Fizeram as fotos e foram embora", afirmou Solar.
A LC Presse é considerada uma agência de pequeno porte. Ela dispõe de um único fotógrafo contratado e de cinco prestadores de serviço.
A legislação francesa prevê a possibilidade de realizar novas detenções e arrolar testemunhas durante as investigação. O tempo de duração do inquérito é determinado pelo juiz de instrução. Ao término do inquérito, o juiz pode ou não apresentar denúncia.
O advogado Collard disse não acreditar que os fotógrafos sob investigação serão incriminados. "Depois que a princesa for enterrada, a tendência é acalmar, e as coisas serão esclarecidas. Não há real indício de envolvimento deles nas mortes."



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