|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Odebrecht nega superfaturamento em obra argentina
Segundo empresa, valor cobrado está dentro do
acordado com o governo para ampliar gasodutos; obra
continua
Suspeita de que contrato
estaria US$ 486 milhões
acima do preço foi publicada
pelo jornal "Perfil" com base
em carta de ex-regulador
RODRIGO RÖTZSCH
DE BUENOS AIRES
A construtora brasileira Odebrecht negou ontem que tenha
havido superfaturamento no
contrato que assinou com o governo da Argentina para ampliar dois gasodutos no país até
2008. A informação sobre a suposta irregularidade constava
de uma carta do ex-presidente
do Enargas (Ente Nacional Regulador de Gás) Fulvio Madaro
revelada anteontem pelo semanário argentino "Perfil".
Madaro teria enviado a carta
em maio, pouco antes de deixar
o cargo sob suspeita de ter recebido propinas da construtora
sueca Skanska.
Na carta, endereçada ao secretário de Energia Daniel Cameron, Madaro diz ter havido
um superfaturamento de US$
486 milhões no contrato com a
Odebrecht, assinado no fim do
ano passado.
A construtora brasileira, porém, valeu-se de cartas enviadas pelo próprio Madaro às
transportadoras de gás Cammesa e Albanesi, em fevereiro,
para demonstrar que não há superfaturamento. As transportadoras venceram o leilão para
a realização das obras de expansão do gasoduto apresentando a Odebrecht como construtora.
"Em relação aos aspectos
econômicos da mencionada
oferta, deve asseverar-se de que
os valores orçados pela construtora Norberto Odebrecht
para a realização do dito projeto se encontram enquadrados
dentro dos valores de referência", dizem essas cartas.
Já na carta revelada pelo
"Perfil", Madaro afirmou o
oposto: que as obras da Odebrecht se encontravam "notadamente acima dos valores detalhados anteriormente". A
construtora brasileira disse
que não tinha como comentar o
que vê como "ilações" do jornal
argentino.
A empresa esclareceu ainda
que não foi contratada para fazer a totalidade da ampliação
dos gasodutos Norte e Sul, mas
apenas uma parcela dessas
obras, que resultará em uma
expansão de 13,1 milhões de
metros cúbicos.
A Odebrecht reconheceu que
as obras de expansão dos gasodutos estão sob processo de revisão técnica ordenado por
Juan Carlos Pezoa, substituto
de Madaro no Enargas. A avaliação, porém, faz parte das
atribuições de Pezoa como interventor do Enargas, que incluem a revisão obrigatória de
todos os contratos fechados na
gestão de seu antecessor.
A Odebrecht afirmou "estar
tranqüila" porque essa revisão
chegará à mesma conclusão expressada na carta de Madaro à
Albanesi e à Cammesa: a de que
as obras estão com o preço correto. Ressaltou ainda que, apesar da revisão em curso, o governo argentino em nenhum
momento determinou que as
obras de ampliação fossem interrompidas.
Texto Anterior: Crise em Darfur piora com confronto entre árabes Próximo Texto: Eleições: 2º colocado em Córdoba vê "roubo" Índice
|