São Paulo, terça-feira, 04 de setembro de 2007

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Odebrecht nega superfaturamento em obra argentina

Segundo empresa, valor cobrado está dentro do acordado com o governo para ampliar gasodutos; obra continua

Suspeita de que contrato estaria US$ 486 milhões acima do preço foi publicada pelo jornal "Perfil" com base em carta de ex-regulador

RODRIGO RÖTZSCH
DE BUENOS AIRES

A construtora brasileira Odebrecht negou ontem que tenha havido superfaturamento no contrato que assinou com o governo da Argentina para ampliar dois gasodutos no país até 2008. A informação sobre a suposta irregularidade constava de uma carta do ex-presidente do Enargas (Ente Nacional Regulador de Gás) Fulvio Madaro revelada anteontem pelo semanário argentino "Perfil".
Madaro teria enviado a carta em maio, pouco antes de deixar o cargo sob suspeita de ter recebido propinas da construtora sueca Skanska.
Na carta, endereçada ao secretário de Energia Daniel Cameron, Madaro diz ter havido um superfaturamento de US$ 486 milhões no contrato com a Odebrecht, assinado no fim do ano passado.
A construtora brasileira, porém, valeu-se de cartas enviadas pelo próprio Madaro às transportadoras de gás Cammesa e Albanesi, em fevereiro, para demonstrar que não há superfaturamento. As transportadoras venceram o leilão para a realização das obras de expansão do gasoduto apresentando a Odebrecht como construtora.
"Em relação aos aspectos econômicos da mencionada oferta, deve asseverar-se de que os valores orçados pela construtora Norberto Odebrecht para a realização do dito projeto se encontram enquadrados dentro dos valores de referência", dizem essas cartas.
Já na carta revelada pelo "Perfil", Madaro afirmou o oposto: que as obras da Odebrecht se encontravam "notadamente acima dos valores detalhados anteriormente". A construtora brasileira disse que não tinha como comentar o que vê como "ilações" do jornal argentino.
A empresa esclareceu ainda que não foi contratada para fazer a totalidade da ampliação dos gasodutos Norte e Sul, mas apenas uma parcela dessas obras, que resultará em uma expansão de 13,1 milhões de metros cúbicos.
A Odebrecht reconheceu que as obras de expansão dos gasodutos estão sob processo de revisão técnica ordenado por Juan Carlos Pezoa, substituto de Madaro no Enargas. A avaliação, porém, faz parte das atribuições de Pezoa como interventor do Enargas, que incluem a revisão obrigatória de todos os contratos fechados na gestão de seu antecessor.
A Odebrecht afirmou "estar tranqüila" porque essa revisão chegará à mesma conclusão expressada na carta de Madaro à Albanesi e à Cammesa: a de que as obras estão com o preço correto. Ressaltou ainda que, apesar da revisão em curso, o governo argentino em nenhum momento determinou que as obras de ampliação fossem interrompidas.

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