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CRISE NO MERCOSUL
Assunção convoca embaixadoras em protesto contra a não-extradição de asilados políticos
Paraguai age contra Argentina e Uruguai
das agências internacionais
O Paraguai vai retirar suas embaixadoras da Argentina e do
Uruguai em protesto contra a negativa desses países de extraditar
o ex-general Lino Oviedo e o ex-ministro da Defesa José Segovia.
Oviedo foi condenado a dez
anos de prisão por tentativa de
golpe de Estado em 96 e pediu asilo na Argentina após a renúncia
do presidente Raúl Cubas, ocorrida em 28 de março.
Ele também é acusado de ser o
mentor do assassinato do vice-presidente paraguaio Luis María
Argaña, seu rival político, em
março deste ano.
José Segovia (ministro do governo Raúl Cubas), acusado de
apropriação ilícita de recursos
públicos, obteve asilo político no
Uruguai. Ele teria desviado cerca
de US$ 600 mil de "fundos reservados" ao Ministério da Defesa do
Paraguai.
"As relações diplomáticas com
a Argentina e o Uruguai começarão a piorar a partir de hoje porque os governos desses países estão prejudicando o trabalho normal da Justiça paraguaia ao rejeitar o pedido de extradição de
Oviedo e de Segovia, acusados de
delitos comuns", afirmou Carlos
Mateo Balmelli, vice-chanceler
paraguaio.
O Paraguai "não fechará suas
embaixadas em Buenos Aires e
Montevidéu porque isso seria
uma determinação muito grave.
Com Rachid (Leila Rachid, embaixadora em Buenos Aires) e Velilla (Julia Velilla, embaixadora
em Montevidéu) em Assunção
(capital do Paraguai), no entanto,
estamos exteriorizando nosso
descontentamento", afirmou Balmelli.
"Estamos dizendo ao governo
da Argentina e do Uruguai:
olhem, estamos descontentes
com vocês porque não respeitam
o Paraguai, não respeitam seu povo, não respeitam sua Justiça",
afirmou o vice-chanceler paraguaio.
A Argentina afirmou ontem
que concedeu asilo a Oviedo para
garantir sua "proteção física". O
país tem "a prática invariável de
respeito à instituição do asilo",
declarou comunicado do Ministério das Relações Exteriores da
Argentina.
Manifestantes paraguaios irritados com a recusa argentina de extraditar Oviedo fizeram um protesto diante da embaixada argentina em Assunção, jogando ovos e
batendo em seus portões.
O ministro das Relações Exteriores do Uruguai, Didier Opertti,
exortou ontem o Paraguai a "defender o Mercosul".
"Não podemos parar o Mercosul por causa de situações bilaterais. O Mercosul tem instituições
próprias. Temos o dever de protegê-lo", disse Opertti.
A recusa em extraditar os dois
abalaria o Mercosul, "pois ele não
é apenas um bloco comercial, mas
também político", disse o chanceler paraguaio, Miguel Abdón Saguier.
Familiares de Argaña e dezenas
de manifestantes da organização
não-governamental "Jovens pela
Democracia" pediram a renúncia
de Saguier.
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