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ANÁLISE
Crise Brasil-Argentina é mais grave
CLÓVIS ROSSI
do Conselho Editorial
Vista isoladamente, a reação
do governo paraguaio à negativa argentina e uruguaia de extraditar personalidades requisitadas pelo Paraguai não chega a
ser uma crise séria no Mercosul.
O Paraguai é, de longe, o mais
fraco dos quatro membros do
bloco, e suas queixas raramente
têm eco entre os parceiros, ainda que tenha razão.
Aliás, pela lógica elementar, o
Paraguai dessa vez tem razão. Se
Brasil e Argentina endossaram
uma saída para a crise paraguaia que passasse pela renúncia do então presidente Raúl
Cubas, estavam automaticamente aceitando a culpabilidade do esquema Cubas/Oviedo,
por ação ou omissão, no atentado que matou o vice-presidente
Luiz Maria Argaña.
Logo, não parece lógico a Argentina rechaçar o pedido de
extradição do general Lino
Oviedo (o poder por trás do trono, no período Cubas). Ainda
mais que a rejeição se deu sem
nem sequer o passo elementar e
protocolar de encaminhar a petição paraguaia à Justiça argentina. Foi, pois, uma decisão política exclusivamente.
Sócios divergentes
Mas, ainda assim, a ira paraguaia não tenderia a provocar
maiores consequências se o
Mercosul já não tivesse entrado
em uma espécie de estado de
suspensão temporária, em consequências das profundas divergências entre os dois sócios
principais, Brasil e Argentina.
Os dois estão sendo incapazes
de resolver entre eles pendências comerciais, quando é justamente o comércio o eixo em
torno do qual gira o Mercosul.
Nesse cenário, tudo o que o
bloco regional dispensa é o surgimento de uma querela política
como a atual.
Ainda mais que o Mercosul
está a dois meses de entrar em
negociações comerciais com o
resto do mundo, e a unidade interna seria um instrumento valioso.
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