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Exército admite ter matado menino
DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS
O Exército israelense admitiu
ontem a responsabilidade pela
morte do menino Mohammed Jamal al Durah, 12, durante tiroteio,
no sábado, entre manifestantes
palestinos e soldados israelenses
na faixa de Gaza.
A morte do menino, registrada
pelas câmeras de TV, chocou o
mundo e transformou-se no símbolo do terror e da violência que
atingiu Israel e os territórios palestinos nos últimos dias.
"Foi um incidente grave, um
acontecimento que todos lamentamos", disse o chefe de operações do Exército israelense, Giora
Eiland. "Fizemos uma investigação. Pelo que sabemos, os disparos parecem ter partido do posto
militar (israelense) de Netzarim".
Segundo ele, os soldados estavam se defendendo de disparos
de forças palestinas, geralmente
misturadas com civis. "Essa não é
a primeira vez que civis são feridos, mas nunca é intencional",
afirmou Eiland, acrescentando
que o menino morto havia participado de manifestações contra as
forças israelenses no passado.
O pai do menino afirma, no entanto, que ele e o filho não estavam envolvidos nos confrontos.
Falando da cama do hospital em
Amã, capital da Jordânia, onde se
recupera dos ferimentos que sofreu, Jamal al Durah, 37, fez um
apelo para que "o mundo não esqueça Mohammed e vingue a
morte dele".
Al Durah, um pintor de paredes
e pai de sete crianças, contou que
ele e o filho estavam voltando de
um mercado de carros usados
quando ficaram presos no tiroteio. "Eles começaram a atirar
contra o táxi em que estávamos e
saímos em busca de proteção".
Al Durah e o filho se esconderam atrás de um bloco de concreto encostado em uma parede. O
menino chorava aterrorizado.
Momentos depois, foi atingido.
"Os israelenses estavam atirando
pesado. Eu gritei e implorei para
que eles parassem pela vida do garoto, mas eles não pararam, e Mohammed morreu no meu colo",
relembrou Al Durah, que trabalha
em Israel e foi atingido no ombro
e nas pernas.
O cinegrafista da TV France 2,
Talal Abu Rhame, que registrou
as imagens, disse que não pôde fazer nada para ajudar os dois. Ele
estava escondido atrás de uma camionete, no outro lado da rua. "A
qualquer movimento caía sobre
nós uma chuva de balas", disse
Rhame. "O tiroteio durou 45 minutos. Quando acabou, o menino
já estava morto", disse.
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