São Paulo, quinta-feira, 04 de outubro de 2001

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DIREITOS HUMANOS

Organização pede que governos não utilizem ataques para aumentar repressão

Anistia denuncia agressões a muçulmanos

DA REUTERS

A Anistia Internacional declarou ontem que os ataques aos EUA haviam provocado uma onda de agressões a muçulmanos e posto em perigo o respeito aos direitos humanos no mundo todo.
A organização de defesa dos direitos humanos, com sede em Londres, pediu aos países que não usassem os atentados como pretexto para mais agressões.
"O horror dos ataques de 11 de setembro não podem resultar na vitimização de comunidades em todo o mundo em nome de uma "luta contra o terrorismo'", disse o grupo, em uma nota à imprensa.
Em um relatório divulgado ontem, a organização afirmou ter provas documentais de represálias contra muçulmanos e pessoas de aparência árabe ou asiática.
"É uma triste ironia que, poucas semanas após a Conferência da ONU contra o Racismo, muitas comunidades estejam enfrentando um aumento [no número de episódios" de discriminação e racismo", afirmava a nota.
A Anistia disse que, apenas nos EUA, mais de 540 ataques a árabes americanos e pelo menos 200 a sikhs foram registrados na semana seguinte aos ataques.
A organização também afirmou que leis que vários governos estão tentando aprovar ameaçam as liberdades civis e podem reduzir proteções contra violações dos direitos humanos. As leis incluem medidas para endurecer o tratamento de imigrantes ilegais, o que, segundo a Anistia, pode prejudicar os direitos de pessoas em busca de asilo político.
"Também há o perigo de que, enquanto a atenção do mundo esteja voltada para outros lugares, os governos aumentem a repressão de seus oponentes", afirmou a organização.
O grupo citou o assassinato de mais de 12 palestinos, incluindo uma menina de 14 de idade, por forças de segurança de Israel nos dois dias seguintes aos ataques.
A Anistia disse que declarações oficiais de autoridades chinesas sugeriam que o governo poderia utilizar os ataques para reprimir ainda mais grupos de origem muçulmana no país. A organização também afirmou que o governo do Uzbequistão poderia usar o clima atual para endurecer o tratamento da oposição islâmica.
"Apesar de a Anistia Internacional reconhecer o direito -e, de fato, o dever- de todos os governos tomarem medidas para proteger seus cidadãos, é essencial que essas medidas não levem a violações dos direitos humanos."


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