São Paulo, quinta-feira, 04 de outubro de 2001

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PÂNICO 2

Telefonema anônimo sobre tomada de avião apavora passageiros, tripulação e governo

Falso sequestro mobiliza a Índia

DA REDAÇÃO

A Índia passou ontem por um aparente falso alarme de sequestro de avião que pôs as forças de segurança do país em alerta.
O ministro da Aviação Civil da Índia, Shahnawaz Hussain, disse que a confusão começou com uma chamada telefônica anônima segundo a qual o Boeing-737 da Air Alliance Air -divisão da companhia aérea Indian Airlines- que acabara de decolar de Bombaim com destino a Nova Déli havia sido sequestrado. Pouco depois, a torre de controle do aeroporto passou as informações ao piloto, que então trancou a porta da cabine.
O avião aterrissou normalmente no aeroporto Indira Gandhi, na capital indiana, mas sob a tensão do "sequestro".
A tripulação, trancada na cabine, pensava que terroristas estivessem com os passageiros. Estes, por sua vez, imaginaram que os sequestradores estivessem na cabine.
Em terra, o avião foi cercado por policiais, e fontes no local chegaram a dizer que havia sido feito contato com os sequestradores. Não havia nenhuma informação, contudo, sobre a identidade ou sobre os objetivos dos supostos sequestradores.
Pouco depois, Hussain anunciou que tudo não passara de um alarme falso e que todos os 54 passageiros e tripulantes haviam deixado a aeronave ilesos.
Embora nenhum grupo tivesse reivindicado a autoria da ação, logo surgiram suspeitas de que a operação estivesse ligada ao conflito na Caxemira, região fronteiriça disputada entre Índia e Paquistão. Dias antes, um atentado com carro-bomba diante da sede legislativa do governo local da parte indiana da Caxemira matou cerca de 40 pessoas. A autoria da ação foi reivindicada pelo Yaish-e-Mohamed, um movimento islâmico separatista que teria vínculos com o Paquistão. Houve ainda ameaças de ataques a aeroportos.
Outro motivo de temor era que a Índia esteve entre os primeiros países que ofereceram ajuda aos EUA em sua chamada guerra ao terrorismo.

Boataria
Fontes do Ministério da Aviação Civil que não quiseram se identificar chegaram a informar que os pilotos estavam trancados na cabine e que se negavam a abrir a porta.
O Boeing foi estacionado numa área isolada do aeroporto Indira Gandhi, e autoridades disseram que a polícia já estava em negociação com os sequestradores -supostamente dois homens. Forças especiais cercaram a aeronave, e o governo indiano convocou uma reunião de emergência para solucionar a crise.
Segundo uma TV local, os sequestradores se expressavam muito mal em inglês e exigiram que dois engenheiros fossem levados a bordo.
Para evitar que o avião voltasse a decolar, a polícia furou seus pneus -calculava-se que a aeronave ainda dispusesse de combustível suficiente para ao menos uma hora e meia de vôo. Fontes citadas pela rede britânica BBC disseram que os sequestradores haviam pedido mapas de vôo para várias cidades no norte da Índia e do Paquistão, incluindo Karachi e Lahore.
Autoridades do governo declararam, sob a condição de anonimato, que todos os aeroportos do Paquistão estavam em alerta e haviam recebido a instrução de não permitir a aterrissagem do Boeing sequestrado. Tropas paquistanesas adicionais teriam sido deslocadas para o aeroporto de Islamabad, a capital do Paquistão.
Desesperado no aeroporto, Manoj Kumar Grover disse que seu irmão estava no avião e que lhe falara por telefone celular. "Dizem pelos alto-falantes que devemos ficar quietos. Não sabemos onde eles estão nem que tipos de arma estão carregando", teria dito o passageiro a seu irmão.


Com agências internacionais


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