São Paulo, quinta-feira, 04 de outubro de 2001

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ORIENTE MÉDIO

Bombardeio com tanques e incursão em Gaza vieram depois que extremistas palestinos atacaram colônia

Israel mata 6 palestinos após ataque

DA REDAÇÃO

Em retaliação a um ataque realizado anteontem contra uma de suas colônias em território ocupado, Israel bombardeou ontem instalações palestinas na faixa de Gaza e ocupou parte da região por tempo indeterminado. Seis palestinos foram mortos, e, pouco depois, na Cisjordânia, extremistas abriram fogo contra israelenses, fazendo dois feridos. Em razão da violência, a trégua formal deu novos sinais de iminente colapso.
Cinco palestinos -entre eles quatro policiais- foram mortos no bombardeio de tanques israelenses contra um posto de segurança da Autoridade Nacional Palestina (ANP) perto de Beit Lahiya, cidade palestina próxima do assentamento judaico onde integrantes do grupo extremista Hamas entraram e mataram dois colonos e feriram mais 15 -os dois atiradores palestinos acabaram mortos por soldados.
Outro palestino foi morto e mais oito ficaram feridos na troca de tiros que se seguiu à incursão israelense de tanques e escavadeiras na zona autônoma. Fontes palestinas afirmaram que ao menos dez postos palestinos de segurança foram destruídos.
"Engenheiros de combate, blindados e infantaria estão vasculhando a região e destruindo postos policiais palestinos da área de onde partiram os terroristas que se infiltraram na colônia", afirmou o Exército em nota. "A operação é realizada em território sob controle palestino e tem o objetivo de afastar a ameaça terrorista da área dos assentamentos."
A ANP condenou o ataque de anteontem ao assentamento e prometeu punir os responsáveis.

Hebron
Em Hebron (Cisjordânia), palestinos dispararam a partir de um bairro vizinho contra uma multidão de israelenses que rezavam no Túmulo dos Patriarcas. Duas mulheres foram feridas -uma estava em estado grave.
O local, sagrado para judeus e muçulmanos, é dividido em uma sinagoga e uma mesquita. Em 1994, o extremista israelense Baruch Goldstein abriu fogo contra muçulmanos que rezavam nessa mesquita e matou 29 palestinos. Em seguida ele foi linchado.
Com frequência há confrontos em Hebron. Encravados no centro da cidade de 120 mil palestinos, há cerca de 400 colonos israelenses, fortemente protegidos por soldados.
Ao menos 613 palestinos e 171 israelenses foram mortos durante a nova Intifada (levante palestino), iniciada em 28 de setembro do ano passado, após o colapso das negociações de paz.
Os principais pontos de discussão eram a devolução dos territórios palestinos ocupados em 1967, o destino dos refugiados, o futuro das colônias israelenses na faixa de Gaza e na Cisjordânia, o status final de Jerusalém e garantias de segurança para Israel.

Trégua distante
O premiê Ariel Sharon disse que Israel estava "em guerra" e pediu que o "mundo livre" (referência à coalizão militar liderada pelos EUA para um ataque ao Afeganistão) declarasse os grupos Hamas, Jihad Islâmico e Hizbollah "organizações terroristas" -os guerrilheiros do Hizbollah (libanês) voltaram ontem a disparar morteiros contra postos militares em Shebaa Farms, área ocupada perto da fronteira com o Líbano.
O chefe de gabinete da ANP, Hassan Asfour, disse que o Exército de Israel deveria receber a qualificação de terrorista.
Yasser Abed Rabbo, membro da administração palestina, disse que Israel deliberadamente buscava pôr fim à trégua. "Seu objetivo é continuar a ofensiva contra o povo palestino, pois a coalizão do mal entre Sharon e a cúpula de seu Exército tem um só fim, a guerra. Eles querem evitar qualquer solução política", afirmou.
Os últimos episódios têm minado a trégua que o líder palestino Iasser Arafat e o chanceler Shimon Peres firmaram no último dia 26. Um dos pontos básicos acordados já foi abandonado.
Israel cancelou ontem uma série de reuniões previstas entre autoridades israelenses e palestinas. O objetivo desses encontros era a retomada da cooperação na área de segurança, o primeiro passo para a consolidação da trégua. "Não haverá nenhuma reunião até que Arafat ponha fim ao terrorismo", disse o ministro da Defesa de Israel, Binyamin Ben Eliezer.
O deputado árabe israelense Ahmed Tibi disse ainda que Israel havia cancelado também conversas entre Peres e negociadores palestinos que deveriam ter sido realizadas ontem.
A derrocada do cessar-fogo, formalmente atingido em parte por pressões dos Estados Unidos, abala as iniciativas de Washington por um apoio amplo a uma ofensiva contra as bases do terrorista saudita Osama bin Laden no Afeganistão.
Com uma trégua, a Casa Branca esperava obter o respaldo dos países vizinhos de Israel, que têm pressionado por um envolvimento maior de George W. Bush no conflito israelo-palestino.
Em sua iniciativa mais recente pelo apoio dos países árabes, o presidente americano disse anteontem que o apoio à criação de um Estado palestino sempre fora parte da visão dos Estados Unidos sobre o Oriente Médio.


Com agências internacionais



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