São Paulo, sexta-feira, 04 de outubro de 2002

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IRAQUE

Debate no Conselho de Segurança sobre proposta dos EUA adia reinício dos trabalhos de desarmamento de arsenais de Saddam

Inspetores da ONU vão esperar resolução

DA REDAÇÃO

Os inspetores de armas da ONU confirmaram ontem que pretendem adiar o início de seus trabalhos de desarmamento do Iraque até que seja aprovada no Conselho de Segurança (CS) uma nova resolução sobre o tema.
Após chegar nesta semana a um acordo com diplomatas iraquianos sobre detalhes práticos para a retomada das inspeções, a Unmovic (Comissão de Monitoramento, Verificação e Inspeção) planejava enviar a sua primeira equipe a Bagdá no dia 19 de outubro.
Os EUA, porém, deixaram claro que tentariam impedir essa viagem enquanto não conseguissem a aprovação de uma nova resolução que amplia a liberdade de movimento e de investigação da Unmovic e da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) em solo iraquiano.
Ao relatar ao CS os resultados das negociações com o Iraque, o diretor da Unmovic, Hans Blix, disse que vai esperar novas diretrizes do organismo antes de agir.
"Esperamos que não seja uma longa demora. Estamos prontos para ir na primeira oportunidade", afirmou Blix. "Seria estranho se estivéssemos fazendo as inspeções e chegasse um novo mandato com mudanças nas diretrizes."
O diretor da AIEA, Mohamed El Baradei, acrescentou: "Precisamos de apoio unânime do CS para fazer uma inspeção efetiva". "Temos de alinhar as nossas datas com as deliberações do CS", disse o chefe do órgão que monitora o programa nuclear iraquiano.
Os inspetores da ONU não vão ao Iraque desde 1998, quando foram expulsos pelo ditador Saddam Hussein, que os acusou de espionar para os EUA.
Sob a ameaça de um ataque americano, Bagdá decidiu permitir a sua volta ao país para evitar a guerra. A diplomacia iraquiana se esforçava para promover o retorno dos inspetores o quanto antes e, com isso, evitar adoção de uma resolução mais rigorosa no CS.
O regime de Saddam é contra uma nova resolução -que, segundo proposto pelos EUA, daria a ele 30 dias para apresentar uma declaração completa de seus armamentos, além de abrir os palácios presidenciais às inspeções.
Blix disse ao CS ainda haver algumas questões práticas a serem definidas com o Iraque -uma delas é a permissão para as visitas aos palácios de Saddam, que seguem regras excepcionais estipuladas num acordo entre Bagdá e a ONU em 1998.
Blix e El Baradei terão hoje um encontro em Washington com o secretário de Estado americano, Colin Powell.


Com agências internacionais

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