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CRIME
Holanda revela operação que desviou para a Europa remédios que deveriam ser vendidos a preços mais baixos em países africanos
Contrabando tira droga anti-Aids da África
DA REDAÇÃO
Autoridades médicas holandesas revelaram ontem estar tentando recuperar medicamentos de
combate à Aids importados ilegalmente, após descobrir uma
operação de contrabando que
vendia na Europa remédios enviados à África para serem comercializados a preços reduzidos.
Cerca de 36 mil caixas de Combivir e Epivir, enviadas da França
à África, acabaram em prateleiras
de farmácias na Holanda e na Alemanha, afirmou o porta-voz do
Serviço Geral de Inspeção da Saúde da Holanda, Raymond Salet.
Segundo ele, 6.000 caixas teriam
sido vendidas na Holanda, e as
outras 30 mil, na Alemanha.
Quase 80% das pílulas, que na
Europa valem cerca de 14,5 milhões, já foram usadas por pacientes infectados com o HIV porque
foram vendidas para fornecedores há vários meses, disse Salet.
Várias multinacionais farmacêuticas começaram a vender remédios de combate ao HIV, o vírus que causa a Aids, a preços reduzidos na África depois de serem criticadas por ter grandes lucros à custa de doentes pobres.
Durante anos, as empresas defenderam sua política de preços
dizendo que incorporavam os altos custos de pesquisas médicas e
combateram a venda de genéricos
em países em desenvolvimento.
Autoridades holandesas, após
receber informações de autoridades belgas recentemente, descobriram que milhares de caixas de
medicamentos fabricadas na
França pela GlaxoSmithKline haviam sido enviadas da África de
volta à Europa e vendidas por
quatro vezes o preço sugerido.
Uma caixa com 60 cápsulas de
Combivir que custa cerca de 90
na África pode ser vendida na Europa por 400.
Promotores disseram que estão
investigando uma companhia holandesa, que não quiseram identificar, por supostamente enviar os
remédios para a Holanda.
Farmácias receberam uma carta
nesta semana pedindo que retirassem de suas prateleiras as caixas contrabandeadas e receberam
os números de série dos remédios
que deveriam ter sido vendidos
na África. Os países para os quais
os remédios deveriam ter sido enviados são Congo, Senegal, Costa
do Marfim, Togo e Guiné-Bissau.
Segundo um relatório da ONU
publicado no início do ano, há
28,5 milhões de pessoas infectadas com o HIV na África Subsaariana. Apenas 30 mil delas, ou cerca de 0,1%, contudo, têm acesso
aos medicamentos antiretrovirais
que tornaram a Aids uma doença
controlável em países ricos.
Saskia Doorweerd, porta-voz da
GlaxoSmithKline, afirmou que o
incidente parecia ser isolado e que
a companhia não deve mudar sua
política. "Participamos de projetos de auxílio em países em desenvolvimento há 20 anos. Isso não
será motivo para parar", afirmou.
Com agências internacionais
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