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IRAQUE OCUPADO
Presidente cita trechos de relatório inconclusivo sobre armas para reiterar que ditador era uma ameaça
Bush diz que Saddam "enganou o mundo"
DA REDAÇÃO
Um dia após a divulgação de
um relatório afirmando que não
foram achadas armas proibidas
no Iraque, o presidente dos EUA,
George W. Bush, voltou a dizer
ontem que o ex-ditador Saddam
Hussein violou a resolução da
ONU que exigia o desarmamento
de Bagdá e "enganou a comunidade internacional".
Mas Bush evitou uma resposta
direta ao ser indagado se ainda estava certo de que as armas proibidas seriam achadas. A suposta
existência do arsenal foi a maior
justificativa usada pelos EUA e
pelo Reino Unido para invadir o
Iraque em março.
"O relatório afirma que o regime de Saddam Hussein mantinha
uma rede clandestina de laboratórios biológicos, uma amostra da
toxina mortal que provoca o botulismo, iniciativas para encobrir
as atividades e um trabalho já em
estágio avançado para desenvolver mísseis de longo alcance", disse Bush na Casa Branca antes de
embarcar para Milwaukee.
Na quinta-feira, David Kay, o
especialista da CIA que trabalhou
como consultor do Grupo de Pesquisa do Iraque, apresentou um
relatório de trabalho sobre as buscas pelo arsenal proibido em que
afirma não ser possível tirar conclusões sobre sua existência.
Kay, que trabalhou à frente de
um grupo de 1.200 especialistas
em uma operação que consumiu
três meses e US$ 300 milhões, disse ter encontrado equipamentos,
que não foram declarados aos inspetores da ONU, relacionados ao
suposto programa de armas proibidas e que as buscas continuariam. Mas não foi achado vestígio
das armas em si.
Diferenças
Bush, no entanto, usou trechos
do relatório para defender sua decisão de invadir o Iraque.
"A equipe do doutor Kay descobriu o que o relatório chamou de
dezenas de atividades dentro de
programas relacionados a armas
de destruição em massa", disse.
"Não consigo pensar em ninguém que ache que o mundo seria
um lugar mais seguro se Saddam
Hussein estivesse no poder."
Mas a oposição contestou o argumento. A deputada Nancy Pelosi, líder democrata na Câmara,
afirmou que, segundo o relatório,
o Iraque não representava uma
ameaça iminente e que havia tempo para insistir na diplomacia, enfatizando que "há uma grande diferença" entre manter programas
de armas e ter as armas em si.
O secretário de Estado americano, Colin Powell, também saiu em
defesa da decisão pela guerra e
afirmou que o relatório de Kay
deixou o governo "mais convicto
de ter tomado a medida correta".
Em Londres, o chanceler Jack
Straw disse que as armas proibidas ainda serão achadas e que o
documento de Kay continha
"mais evidências inquestionáveis" de que o Iraque violara a resolução da ONU.
A AIEA, agência nuclear da
ONU, afirmou que, segundo uma
avaliação inicial, o relatório de
Kay se ampara primordialmente
em depoimentos de cientistas iraquianos e que não daria tanta relevância a um documento produzido dessa forma.
Mas o porta-voz do organismo,
Mark Gwozdecky, advertiu que a
agência não tivera acesso ao relatório e por isso não emitiria um
parecer mais detalhado.
Iraquianos mortos
Em incidentes distintos no norte do país, quatro iraquianos morreram -dois quando deixavam
uma bomba em uma estrada em
Kirkuk e dois na explosão de outro artefato em Tikrit. Um soldado dos EUA se afogou em Bagdá.
Sem divulgar nomes, o comando americano também anunciou
a prisão, em Baquba, de um homem que trabalhava como executor para Saddam Hussein.
Com agências internacionais
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