São Paulo, segunda-feira, 04 de outubro de 2004

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IRAQUE SOB TUTELA

Americanos dizem que mataram 125 insurgentes, mas há relatos de morte de crianças e mulheres na cidade

EUA afirmam controlar 70% de Samarra

DA REDAÇÃO

O Exército dos EUA e as forças iraquianas disseram ontem que a operação em Samarra foi um sucesso e que a cidade, a 100 km de Bagdá, está sob controle.
A campanha na cidade, localizada no Triângulo Sunita -região hostil à ocupação americana-, é o primeiro passo para que as tropas da coalizão liderada pelos EUA -ao lado do governo iraquiano- tenham o controle sobre todo o território do país até as eleições de janeiro.
A próxima etapa da ofensiva deve ser Fallujah, que já tem sido alvo de constantes ataques aéreos americanos nos últimos dias. O alvo dessas ações são posições de insurgentes leais ao terrorista jordaniano, Abu Musab al Zarqawi, segundo autoridades americanas.
Em 36 horas de seguidos ataques a Samarra, 125 insurgentes foram mortos e 88 capturados, de acordo com o comando militar dos EUA. Porém, de 70 corpos levados ao hospital geral de Samarra, 23 eram de crianças e 18 de mulheres, segundo o porta-voz do hospital Abdul Nasser Hamed Yassin. Cerca de 160 feridos estavam sendo tratados.
Organizações de ajuda humanitária informaram que a cidade estava sem luz e sem água. Centenas de famílias foram obrigadas a deixar as suas casas. Testemunhas afirmam que cães estavam comendo os corpos das pessoas nas ruas. Moradores afirmam que os corpos não são retirados porque eles estão em ruas onde há o temor de ação de franco atiradores.
Algumas famílias tentaram enterrar os corpos de parentes, mas não conseguiram porque a estrada que leva ao cemitério estava bloqueada por forças americanas. Em alguns casos, os mortos foram enterrados nos jardins das mesquitas -os muçulmanos têm o costume de enterrar os seus mortos no mesmo dia da morte.
Como as rotas de saída da cidade estavam fechadas, muitos moradores deixaram Samarra em barcos, portando bandeiras brancas, ao mesmo tempo que helicópteros dos EUA sobrevoavam a cidade. As forças americanas aconselharam os moradores a não usar carros.
Firdoos al Ubadi, porta-voz da organização humanitária Crescente Vermelho (o equivalente da Cruz Vermelha em países muçulmanos), disse que o Ministério dos Direitos Humanos do Iraque enviou uma carta descrevendo a situação em Samarra como uma "tragédia" e pedindo ajuda emergencial a grupos humanitários.
Apenas alguns mercados da cidade abriram, mas a maioria das lojas e dos locais de venda de comida permaneceu fechada.
Cerca de 3.000 soldados americanos e 2.000 iraquianos participaram das operações em Samarra contra os insurgentes. Cerca de 70% da cidade está sob controle.
Em episódios anteriores, as forças americanas já conseguiram controlar cidades rebeldes, mas alguns dias depois elas voltaram para as mãos dos insurgentes.
Em novos ataques aéreos a Fallujah, que pode ser palco de uma ampla operação similar a de Samarra nos próximos dias, duas pessoas morreram.
Em Bagdá, foram encontrados os corpos de duas pessoas aparentemente ocidentais, que não foram identificadas.


Com agências internacionais

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