São Paulo, quarta-feira, 04 de outubro de 2006

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Assassino da escola amish pretendia molestar meninas

Lancaster Newspaper/Associated Press
Roberts e Marie no anúncio de seu casamento, em 1996


Em bilhete à esposa, ele conta ter molestado familiares quando era adolescente e que "sonhava fazer isso de novo"

Crianças mortas chegam a cinco, e quatro ainda estão em estado grave; mulher de atirador afirma que ele era "ótimo pai e marido"

DA REDAÇÃO

O caminhoneiro que invadiu uma escola no Estado americano da Pensilvânia, matou cinco meninas e se suicidou planejava molestar sexualmente as vítimas, segundo a polícia.
Quatro meninas morreram no dia do ataque, segunda-feira, e a quinta morreu ontem. Outras quatro estão em estado crítico e apenas uma, que foi atingida no ombro, deve se recuperar totalmente. As vítimas têm entre 6 e 13 anos de idade.
Os crimes aconteceram na pequena escola Wolf Rock in Paradise, da comunidade amish, que reúne 27 alunos de várias idades em apenas uma sala de aula para o ensino fundamental. Os amish são protestantes menonitas e cultivam a simplicidade total, vivendo como na era pré-industrial.
Minutos antes da chegada da polícia, Charles Carl Roberts 4º, 32, fez um breve telefonema à sua mulher e disse que não voltaria para casa.
Ele levou à escola gel lubrificante e cabos de arame para amarrar as garotas. Também levou uma muda de roupa limpa e tábuas e pregos, que usou para bloquear as portas da sala de aula.
O assassino liberou todos os meninos, mulheres com bebês e uma grávida, e pediu que só as meninas ficassem.
Ele ordenou que as reféns ficassem em fila, olhando para a lousa, de costas para ele. Amarrou-as com arame e as vendou com fita adesiva.
Apesar da preparação meticulosa do crime, Roberts ficou assustado com a chegada da polícia e, poucos segundos depois, começou a atirar nas reféns na altura da cabeça.

Pai devoto
Pai de três filhos, o caminhoneiro também dizia que estava "bravo com Deus" pela morte prematura de sua filha em 1997, segundo consta em bilhetes suicidas deixados à mulher.
Em um deles, conta que havia molestado duas meninas, parentes dele, há 20 anos, quando ainda era adolescente. E que "sonhava fazer isso de novo". Ele não tinha antecedentes criminais nem histórico de problemas mentais.
A esposa do assassino, Marie Roberts, divulgou nota dizendo que "o homem que fez isso não é o Charles com quem fui casada por quase dez anos". Marie diz que seu marido era um "pai devoto, que sempre teve tempo para jogar futebol com os filhos e que nunca se negou a ajudar a trocar uma fralda".
Paula Derby, 31, viu Roberts na manhã dos crimes, quando ele levou seus filhos maiores ao ponto de ônibus. Ele estava com a esposa e carregava o filho caçula. Quando eles estavam para embarcar no ônibus, a mulher de Roberts os chamou de volta. "O papai quer dar um abraço em vocês, ela falou", segundo o relato de Paula.
Roberts abraçou e beijou os filhos. "Lembrem-se, papai ama vocês."
Depois disso, ele se muniu de três armas, compradas legalmente na região, duas facas e várias cartelas de munição, com 600 balas.
Aparentemente ele escolheu a escola, a 100 quilômetros da Filadélfia, porque era um "alvo fácil", segundo a polícia. O vilarejo não tem delegacia, e a escola nem sequer tem telefone, por conta da rejeição às inovações tecnológicas por parte da comunidade amish. Quem avisou a polícia foi uma professora que conseguiu fugir da escola.
Os amish são descendentes de alemães e suíços, que migraram para os Estados Unidos para fugir de perseguição na Europa. Obcecados pela simplicidade, eles não têm televisão, carro nem telefone em casa. O cenário se completa com homens de chapéu e barbas longas, mulheres de capuz ou lenço, carroças puxadas a cavalo.
Foi o terceiro incidente fatal em uma escola nos Estados Unidos em uma semana. O presidente George W. Bush convocou o secretário da Justiça, Alberto Gonzales, e a secretária da Educação, Margaret Spellings, para uma reunião com especialistas a fim de determinar como o governo federal pode ajudar as autoridades locais e estaduais a melhorar a segurança nas escolas.


Com agências internacionais e "The New York Times"


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