|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Governo Micheletti contrata lobistas para atuarem nos EUA
DE WASHINGTON
O regime golpista hondurenho, liderado por Roberto Micheletti, contratou um escritório de lobistas em Washington
por US$ 292 mil para melhorar
sua imagem junto ao Congresso, a opinião pública e a mídia
dos Estados Unidos e a Organização das Nações Unidas. A documentação que comprova o
contrato de quatro meses entre
as partes foi registrada no dia 18
de setembro no site do Ministério da Justiça americano, como
manda a lei. O acesso é público.
O escritório contratado é o
Chlopak, Leonard, Schechter &
Associates, que destacou uma
equipe de pelo menos nove pessoas para cuidar do caso hondurenho. Entre os que fazem
parte do time estão Sharon
Castillo, que foi porta-voz da
campanha de reeleição de
George W. Bush em 2004, e Mike Buttry, ex-chefe de gabinete
do senador republicano Chuck
Hagel, de Nebraska.
Em julho, o braço hondurenho do Conselho de Empresários da América Latina, que
apoiou o golpe que derrubou
Manuel Zelaya no mês anterior, havia contratado o escritório Orrick, Herrington & Sutcliffe, cuja estrela é o clintonista Lanny Davis, com o mesmo
intuito. É a primeira vez, porém, em que o próprio governo
aparece como contratante.
No documento apresentado
ao Ministério da Justiça dos
EUA, no campo "nome principal estrangeiro", está escrito
"Governo de Honduras".
No campo em que as atividades devem ser descritas, está,
entre outras ações, "prover
conselho e planejamento em
atividades estratégicas de relações públicas" via "alcance de
mídia e políticos" e "divulgação
pública de informações para
funcionários do governo, suas
equipes, empresas de mídia e
grupos não governamentais". O
objetivo é "aumentar o nível de
comunicação, percepção e
atenção da mídia e dos políticos
para a situação política em
Honduras".
A descrição das atividades
dos lobistas é mais detalhada
na versão em espanhol do contrato, anexada à em inglês. Ali,
está escrito que o escritório deve "implantar um plano estratégico de comunicação para alcançar um melhor posicionamento do governo ante a opinião pública internacional,
buscando a todo momento
maiores níveis de coordenação
e divulgação de mensagens objetivas sobre os afazeres do governo presidido pelo presidente Roberto Micheletti".
Os itens 9 e 10 da versão em
espanhol são ainda mais explícitos quanto ao objetivo: "Implementar a campanha de posicionamento para criação de
ambiente de opinião pública
propício para a introdução de
temas ou propostas públicas,
tais como as próximas eleições
de novembro de 2009; planejar
uma campanha de persuasão
efetiva em nível internacional,
particularmente no Congresso
dos EUA, na ONU, no Sica (Sistema de Integração Centro-americana), assim como alianças estratégicas com fundações
e organizações afins".
A atividade de lobby é legal e
regulamentada nos EUA, e polêmicas não são estranhas ao
escritório contratado por Honduras, que tem como clientes
Denis Sassou Nguesso, presidente do Congo que chegou ao
poder pela primeira vez por
meio de golpe, em 1979, e o Ministério de Relações Exteriores
do Azerbaijão, cujo governo é
acusado de autoritarismo.
Uma porta-voz do Chlopak
diz que o escritório não comenta clientes.
(SD)
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Acordo não desatará tensão em Honduras, diz analista Índice
|