São Paulo, domingo, 04 de outubro de 2009

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Governo Micheletti contrata lobistas para atuarem nos EUA

DE WASHINGTON

O regime golpista hondurenho, liderado por Roberto Micheletti, contratou um escritório de lobistas em Washington por US$ 292 mil para melhorar sua imagem junto ao Congresso, a opinião pública e a mídia dos Estados Unidos e a Organização das Nações Unidas. A documentação que comprova o contrato de quatro meses entre as partes foi registrada no dia 18 de setembro no site do Ministério da Justiça americano, como manda a lei. O acesso é público.
O escritório contratado é o Chlopak, Leonard, Schechter & Associates, que destacou uma equipe de pelo menos nove pessoas para cuidar do caso hondurenho. Entre os que fazem parte do time estão Sharon Castillo, que foi porta-voz da campanha de reeleição de George W. Bush em 2004, e Mike Buttry, ex-chefe de gabinete do senador republicano Chuck Hagel, de Nebraska.
Em julho, o braço hondurenho do Conselho de Empresários da América Latina, que apoiou o golpe que derrubou Manuel Zelaya no mês anterior, havia contratado o escritório Orrick, Herrington & Sutcliffe, cuja estrela é o clintonista Lanny Davis, com o mesmo intuito. É a primeira vez, porém, em que o próprio governo aparece como contratante.
No documento apresentado ao Ministério da Justiça dos EUA, no campo "nome principal estrangeiro", está escrito "Governo de Honduras".
No campo em que as atividades devem ser descritas, está, entre outras ações, "prover conselho e planejamento em atividades estratégicas de relações públicas" via "alcance de mídia e políticos" e "divulgação pública de informações para funcionários do governo, suas equipes, empresas de mídia e grupos não governamentais". O objetivo é "aumentar o nível de comunicação, percepção e atenção da mídia e dos políticos para a situação política em Honduras".
A descrição das atividades dos lobistas é mais detalhada na versão em espanhol do contrato, anexada à em inglês. Ali, está escrito que o escritório deve "implantar um plano estratégico de comunicação para alcançar um melhor posicionamento do governo ante a opinião pública internacional, buscando a todo momento maiores níveis de coordenação e divulgação de mensagens objetivas sobre os afazeres do governo presidido pelo presidente Roberto Micheletti".
Os itens 9 e 10 da versão em espanhol são ainda mais explícitos quanto ao objetivo: "Implementar a campanha de posicionamento para criação de ambiente de opinião pública propício para a introdução de temas ou propostas públicas, tais como as próximas eleições de novembro de 2009; planejar uma campanha de persuasão efetiva em nível internacional, particularmente no Congresso dos EUA, na ONU, no Sica (Sistema de Integração Centro-americana), assim como alianças estratégicas com fundações e organizações afins".
A atividade de lobby é legal e regulamentada nos EUA, e polêmicas não são estranhas ao escritório contratado por Honduras, que tem como clientes Denis Sassou Nguesso, presidente do Congo que chegou ao poder pela primeira vez por meio de golpe, em 1979, e o Ministério de Relações Exteriores do Azerbaijão, cujo governo é acusado de autoritarismo.
Uma porta-voz do Chlopak diz que o escritório não comenta clientes. (SD)


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