|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
Força do Tea Party incomoda até oposição
Republicanos moderados terão de lidar com o grupo, que elegeu ao menos 4 senadores e dezenas de deputados
Tentação republicana é bloquear por completo iniciativas democratas e rejeitar toda reforma
aprovada desde 2008
DE WASHINGTON
Ainda comemorando vitórias nas eleições, republicanos já tinham vários problemas nas mãos ontem: controlar a nova força do Tea Party,
decidir o formato da oposição à Casa Branca e se preparar para 2012.
É consenso que o novo
Congresso será ainda mais
conservador e direitista, na
Câmara e no Senado.
A tentação para os republicanos é não só de bloqueio
total de ações democratas
mas também de rejeitar grandes reformas aprovadas nos
últimos dois anos.
O bloqueio será fácil de alcançar. Na Câmara eles são
maioria; no Senado, não,
mas podem usar manobras
para impedir votações.
A primeira reforma a sofrer
ataque deverá ser a do sistema de saúde, que o novo líder da Câmara, John Boehner, prometeu "substituir por
soluções de senso comum
para baixar preços".
A impopular reforma é
uma das assinaturas do governo de Barack Obama. E,
meses atrás, o líder da burocracia do partido, Michael
Steele, já avisara: "A tarefa
mais importante que temos é
garantir que Obama seja presidente de um mandato só".
A partir de agora, porém,
as atitudes radicais antigoverno têm riscos. O eleitorado vai cobrar leis concretas e,
para isso, republicanos precisarão de acordos.
A história deixou lições
nesse sentido. Após a "revolução" de 1994, quando tomaram o Congresso depois
de quatro décadas de domínio democrata, os republicanos tentaram paralisar o governo, mas viram o jogo virar
nas mãos do então presidente democrata, Bill Clinton
(1993-2001).
Ele culpou o Legislativo
pelos impasses e levou a reeleição com relativa tranquilidade dois anos depois.
RACHA
Cunhar propostas próprias será desafio à parte,
pois o partido está mais diversificado. Sobre o corte do
deficit, por exemplo, ninguém concorda.
Uns querem acabar com o
Departamento da Educação,
outros acham que é o bastante diminuir gastos em emendas para projetos locais.
E, em meio a tudo isso, o
"establishment" republicano vai ter que lidar com os ultraconservadores do Tea
Party. A eleição consagrou o
movimento, que foi visto positivamente por 40% do eleitorado em pesquisas posteriores à votação.
Os ultradireitistas elegeram pelo menos quatro senadores (Rand Paul, Marco Rubio, Pat Toomey e Ron Johnson) e dezenas de deputados
federais.
Mas o ativismo foi responsabilizado também por derrotas cruciais em Estados onde seus escolhidos derrubaram a candidatura de republicanos moderados, como
em Delaware e Nevada.
Como o grupo funcionará
nos corredores do poder é
uma incógnita. Eles já deixaram claro sua resistência a
ceder para alcançar acordos
e chegam com relação conturbada com a liderança.
Também já estão de olho
na Presidência. Na manhã
seguinte à votação, um dos
grupos, o Tea Party Nation,
enviou um e-mail a colaboradores intitulado "bem-vindos a 2012". "A corrida presidencial começou oficialmente. O movimento precisa ser
uma força decisiva na escolha do candidato republicano", afirmava o texto.
Se se recusarem a fazer
acordos, correm o risco de serem jogados para escanteio.
Clyde Wilcox, da Universidade Georgetown, prevê que
o Tea Party terá, sim, voz no
Congresso. "A questão é que
tipo de voz. Os extremistas
não são majoritários, mas
muitos eleitos têm ideias irracionais sobre Orçamento e
políticas."
Para ele, o futuro do Tea
Party está ligado à economia.
"Se ela melhorar, a raiva será
diluída." E, com ela, o apoio
aos ultraconservadores.
(ANDREA MURTA)
Texto Anterior: Derrota Próximo Texto: Notívago, líder da Câmara tem histórico flexível Índice | Comunicar Erros
|