DO "FINANCIAL TIMES"

Pouco antes que os democratas, exaustos, forçassem a votação final do pacote de saúde do presidente Barack Obama, em março, John Boehner, o líder republicano na Câmara dos Deputados, liderou sua bancada em um coro de "Hell, No!" ("de jeito nenhum!", em uma tradução livre).
Para surpresa de muita gente, o normalmente discreto líder da minoria estava apenas começando.
Boehner, 60, agora será o presidente da Câmara, com poderes para frustrar as iniciativas democratas.
Notívago, fumante, é habitualmente descrito como festivo. Quanto ao seu famoso bronzeado, Obama passou a descrevê-lo como "também um homem de cor". Boehner parece se divertir com a brincadeira.
Os democratas e alguns líderes do Tea Party o desdenham e o classificam como um republicano "country club", cujos interesses são jogar golfe e tomar coquetéis. Mas, ao contrário da maioria de seus colegas, ele sabe preparar drinques, e não só bebê-los.
Segundo filho de uma família com 12 crianças que vivia em uma casa de dois quartos em Reading, Ohio, ele passou a adolescência ajudando a atender os fregueses do bar do pai.
Sua ascensão se deve em parte ao pacote de saúde lançado por Obama.
Embora o projeto possa vir a ganhar popularidade, ofereceu a Boehner uma linha de ataque perfeita: Obama estava desperdiçando seu tempo com "um projeto que eliminará empregos" em lugar de combater o alto desemprego no país.
Como o período parece requerer, seu tom é de intransigência. No entanto, o histórico demonstra uma figura mais flexível, orientada tanto pelo pragmatismo quanto pelas considerações ideológicas.
Boehner conhece os riscos de agir precipitadamente. Sua principal missão deve ser preparar a derrota de Obama em 2012.
Permitir que o Tea Party opere de forma descontrolada no Congresso não seria a maneira mais inteligente de realizá-la.