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DIPLOMACIA
Forças Armadas da Colômbia teriam utilizado território brasileiro para atacar guerrilheiros das Farc em Mitú
Brasil protesta contra ação colombiana
da Sucursal de Brasília
O governo brasileiro protestou
ontem contra a invasão ao território nacional por tropas das Forças
Armadas da Colômbia no extremo
noroeste do Estado do Amazonas.
A invasão teria ocorrido domingo passado, quando tropas do
Exército da Colômbia utilizaram o
território brasileiro para atacar
guerrilheiros em Mitú, cidade colombiana ocupada por rebeldes.
A insatisfação do governo foi
manifestada por meio da convocação para consultas do embaixador
brasileiro em Bogotá, Marcus de
Vicenzi. Na diplomacia, esse procedimento é considerado drástico
e mostra que as relações entre os
dois países ficaram abaladas por
causa da invasão militar.
A última vez que o Brasil tomou
decisão semelhante foi há dois
anos, quando chamou para consultas o embaixador brasileiro em
Lagos, na Nigéria, protestando
contra o governo do general Sani
Abacha. Na ocasião, haviam sido
mortos oposicionistas do governo.
O porta-voz da Presidência, Sergio Amaral, afirmou que o Brasil
resolveu protestar porque as Forças Armadas da Colômbia realizaram operações contra a guerrilha a
partir de território brasileiro.
Na região leste da Colômbia, atua
o grupo guerrilheiro das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da
Colômbia), o mais antigo do país
(foi fundado em 1964).
Amaral disse que não daria detalhes porque caberia ao Ministério
das Relações Exteriores se manifestar a respeito.
A Folha apurou que o governo
colombiano pediu autorização para utilizar a pista de pouso na região de Querari, na fronteira do
Brasil com a Colômbia, perto de
Mitú. Mas a autorização teria sido
negada pelo governo brasileiro.
O presidente Fernando Henrique Cardoso tomou a decisão de
manifestar protesto formal ao governo colombiano durante reunião, de aproximadamente duas
horas, no Palácio da Alvorada,
com os ministros militares, o ministro-chefe da Casa Militar, Alberto Cardoso, o ministro-chefe da
SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos), Ronaldo Sardenberg, e
ministro das Relações Exteriores,
Luiz Felipe Lampreia.
O embaixador da Colômbia no
Brasil, Mário Galofe Cano, também foi chamado para uma reunião no Itamaraty. Nela, os diplomatas brasileiros demonstraram a
insatisfação do governo em relação à operação das Forças Armadas da Colômbia.
A Folha procurou ontem, por telefone, o embaixador colombiano,
mas não conseguiu falar com ele.
Até as 20h, ele não havia respondido aos telefonemas.
Em Bogotá, o general Fernando
Tapias, comandante das Forças
Armadas, disse que o Brasil presta
"ajuda humanitária" ao Exército
colombiano na fronteira entre os
dois países. Ele não falou sobre a
invasão do território brasileiro no
Estado do Amazonas.
²
Colaboraram a
Redação e as agências internacionais
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