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ROMEU E JULIETA NO IRAQUE
Advogado de E.A., mulher do sargento Blackwell, diz que ele poderá voltar aos EUA antes do Natal
Militar casado com iraquiana será desligado
MÁRCIO SENNE DE MORAES
DA REDAÇÃO
O sargento da Guarda Nacional da Flórida Sean Blackwell,
27, que fora punido pelo Exército por ter deixado sua patrulha
em Bagdá para casar-se com
uma iraquiana, recebeu uma repreensão formal e será desligado
das Forças Armadas, segundo
disse ontem à Folha Richard Alvoid, o advogado americano que
cuida do processo de imigração
da mulher do sargento.
Blackwell foi confinado à sua
base logo após seu casamento
com E.A., 25 -que não quis ser
identificada por questões de segurança-, uma médica iraquiana que trabalhou como tradutora no Ministério da Saúde
do Iraque depois da queda do
ex-ditador Saddam Hussein. Ele
foi acusado de descumprimento
de seu dever e de desobedecer a
uma ordem de seu superior, o
tenente-coronel Thad Hill.
"Obviamente, os militares têm
o direito de se casarem com
quem quiserem. O sargento sofreu uma punição por desobedecer a uma ordem e por não cumprir seu dever, já que deixou sua
patrulha, mesmo que por pouco
tempo, para casar-se", disse Diane Battaglia, tenente-coronel e
porta-voz do Exército dos EUA.
Em tese, o sargento poderia ter
de enfrentar uma corte marcial
por conta de seus atos. Fontes
militares ainda não confirmaram a informação divulgada pelo advogado da mulher de Blackwell, segundo a qual ele será apenas desligado de sua corporação.
Para Alvoid, há "boas chances
de que o casal possa viver legalmente nos EUA em um ou dois
anos". "O casamento deles é totalmente legal tanto no Iraque
quanto nos EUA." De fato, para
respeitar as leis iraquianas,
Blackwell, que era cristão, teve
de converter-se ao islamismo.
Sua mãe, Vickie McKee, também não confirmou a notícia de
que seu filho seria desligado das
Forças Armadas, porém disse
aguardar ansiosamente seu retorno aos EUA, o que poderia
ocorrer antes do Natal, de acordo com Alvoid. Blackwell deveria, normalmente, ficar no Iraque até abril de 2004. "Minha
nora é adorável. Isso fez com que
o temor de um choque cultural
se dissipasse", afirmou McKee.
Segundo E.A., o Exército não
permitiu que o eles se encontrassem após o casamento, ocorrido
no jardim de um restaurante de
Bagdá. Eles passaram a conversar por telefone recentemente. O
casal se conheceu porque Blackwell trabalhava na segurança do
Ministério da Saúde do Iraque.
Se o sargento voltar aos EUA,
E.A. poderá mudar para a Europa, enquanto espera a conclusão
de seu processo de imigração,
que tramita nos EUA. Ela já foi
ameaçada por iraquianos contrários à ocupação americana.
De acordo com Alvoid, o futuro lhes reserva um final feliz,
pois já há "grande interesse de
várias editoras" num eventual livro escrito pelo casal. Contudo,
por ora, Blackwell só quer "formar-se em nutrição e viver tranquilo com a mulher nos EUA".
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