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"Salvamos a pátria", diz Micheletti após derrota de Zelaya
Presidente interino lança selo comemorativo com sua imagem um dia após Congresso barrar a volta de líder deposto ao cargo
EUA se dizem decepcionados
com resultado de votação, mas avaliam que Congresso agiu de acordo com cláusula de pacto selado em outubro
FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A TEGUCIGALPA
Na volta de sua "licença temporária" durante o período
eleitoral, o presidente interino
de Honduras, Roberto Micheletti, comemorou ontem a decisão do Congresso de não restituir Manuel Zelaya e até lançou
um selo postal em que aparece
com a faixa presidencial.
"Nós salvamos a pátria. O
tempo e as circunstâncias internas e internacionais estão
nos dando a razão", discursou
Micheletti, em evento na Casa
Presidencial para lançar novos
selos postais em comemoração
à classificação de Honduras para a Copa do Mundo, incluindo
um com a sua imagem.
Ao final do evento, questionado por jornalistas sobre o futuro de Zelaya, abrigado há 75
dias na embaixada brasileira,
Micheletti disse: "Não tenho o
que oferecer a ele, é uma posição que lhe compete".
Anteontem, a votação no
Congresso terminou com um
placar de 111 a 14 contra Zelaya,
que, em nota, acusou os deputados de serem "cúmplices
confessos [do golpe], estão de
acordo com o sangue derramado dos mártires da ditadura".
Zelaya disse ontem à Folha
que ainda não decidiu seu futuro -permanece na embaixada
brasileira e não pediu asilo político a nenhum país.
Um dos líderes da chamada
resistência, o sindicalista Juan
Barahona, disse que uma assembleia realizada ontem decidiu "continuar exigindo a restituição e a convocação de uma
Assembleia Constituinte". Ele,
no entanto disse que já não haverá mais "luta nas ruas".
Barahona afirmou também
que a Frente Nacional de Resistência (FNR), que reúne
grupos de esquerda, não reconhecerá o governo de Lobo.
"Decepcionados"
Em teleconferência na tarde
de ontem, o Departamento de
Estado americano se disse "decepcionado" com a não restituição de Zelaya ao poder.
"Os EUA esperavam que o
Congresso hondurenho fosse
aprovar seu retorno", disse Arturo Valenzuela, número um
do Departamento de Estado
para a América Latina.
Ainda assim, segundo Valenzuela, o processo todo foi feito
de maneira "aberta e transparente" pelo Legislativo hondurenho, de acordo com o que
previa o artigo 5º do Acordo
San José-Tegucigalpa, mediado pelos EUA em outubro.
Segundo um alto funcionário
do governo americano, que pediu para não ser identificado, a
inclusão de tal artigo foi exigência do próprio Zelaya, que acreditava ter a maioria dos votos.
Seja como for, disse Valenzuela, "ainda restam passos importantes para se restabelecer
a ordem constitucional em
Honduras e promover a reconciliação nacional". Ele citou a
formação de um governo de
união e a criação de uma comissão da verdade.
Colaborou SÉRGIO DÁVILA, de Washington
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