São Paulo, sábado, 04 de dezembro de 2010

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CRÍTICA

Obra mostra saga de Ted Roosevelt no Brasil

Livro retrata a aventura do ex-presidente dos EUA na África e na Amazônia, onde quase morreu por doenças

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE SÃO PAULO

Theodore Roosevelt foi o presidente americano conhecido, entre outras peculiaridades, por usar a frase "falar com suavidade e carregar um porrete grande" como recomendação sobre como os Estados Unidos deveriam lidar com os outros.
Apesar desse conselho pouco amistoso e de um histórico beligerante que incluiu uma sangrenta repressão contra os filipinos que lutaram pela sua independência entre 1902 e 1907, Roosevelt ganhou o prêmio Nobel da Paz (por ter negociado um acordo entre Rússia e Japão).
Está até hoje entre os cinco presidentes mais admirados pelos americanos em todos os tempos.
O fascínio que ele ainda exerce sobre seus compatriotas e muitos estrangeiros se deve provavelmente tanto a sua personalidade esfuziante e a suas muitas aventuras fora da política quanto a sua conturbada e contraditória carreira como líder.
Primeiro, do Partido Republicano, depois de um movimento populista independente que quase o levou de volta à Casa Branca em 1912.
Por isso, o terceiro e último volume da portentosa biografia da pessoa mais jovem a ter presidido os EUA (tinha 42 anos em 1901, quando assumiu o lugar de William McKinley, que havia sido assassinado) por Edmund Morris seja tão interessante.
"Colonel Roosevelt", que acaba de ser lançado nos EUA, trata dos nove anos finais da vida de Roosevelt.
Foi quando se dedicou basicamente a viajar a lugares exóticos, inclusive o Brasil, onde descobriu um rio tão longo quanto o Reno (batizado como Kermit em homenagem a seu filho) e mapeou o até então nunca navegado Rio da Dúvida, atualmente chamado de Rio Roosevelt.

DOSE FATAL
A "Expedição Científica Roosevelt-Rondon" (o então coronel Cândido Rondon era o líder da parte brasileira da missão) ocupa os capítulos 15 e 16 do livro, escrito com muita verve e habilidade por Morris.
Embora com menos detalhes do que em "O Rio da Dúvida", de Candice Millard (tradução de José Geraldo Couto, Companhia das Letras, 2007), inteiramente dedicado à expedição brasileira, o livro de Morris relata o que houve de mais notável durante seu transcorrer, inclusive os conflitos culturais entre os dois líderes.
Roosevelt escapou por pouco de morrer no Brasil: teve grave infecção em uma das pernas, malária, febre alta e pressão baixa por dias.
Registrou em seu diário que considerou seriamente a possibilidade de usar a dose letal de morfina que levava consigo para se matar em caso de necessidade, para poupar os companheiros de viagem, entre eles seu filho.
Além da viagem ao Brasil, "Colonel Roosevelt" relata seu safári na África que durou um ano (no qual matou oito elefantes, sete hipopótamos, nove leões, 13 rinocerontes e 177 antílopes), uma consagradora viagem à Europa, onde foi considerado "o homem mais famoso do mundo", sua campanha presidencial de 1912, quando concorreu pelo Partido Progressista com plataforma de forte cunho nacionalista e populista, o célebre discurso de mais de uma hora que proferiu em 1912 mesmo após ter sido alvejado com um tiro no peito e a morte, em 1919, em grande parte em consequência das sequelas de seus males contraídos no Brasil.

COLONEL ROOSEVELT

AUTOR Edmund Morris
EDITORA Random House
QUANTO US$ 35 (766 págs.)
AVALIAÇÃO Bom


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